Directores de escolas lamentam que docentes não sejam prioritários na vacinação
Os diretores de escolas saudaram a decisão do Governo de manter os estabelecimentos de ensino abertos, mas lamentaram que quem ali trabalha não faça parte dos grupos prioritários de vacinação contra a covid-19.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou hoje a decisão de manter o ensino presencial em todos os níveis de ensino, desde o pré-escolar ao superior, durante o 9.º período de estado de emergência, que entra em vigor na quinta-feira.
O presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares (ANDE), Manuel Pereira, disse à Lusa não estar surpreendido com a medida, uma vez que os diretores foram auscultados antes da tomada de decisão.
"Para nós não foi surpresa a decisão do Governo. Além disso, temos consciência de que o trabalho fantástico de professores, diretores e assistentes operacionais resultou na segurança das escolas", afirmou Manuel Pereira.
O presidente da ANDE lamentou apenas que os profissionais escolares não venham a fazer parte dos grupos prioritários da vacinação contra a covid-19, considerando que tanto os professores como os restantes funcionários são "grupos profissionais envelhecidos" e por isso "o primeiro-ministro poderia ter considerado os professores e assistentes como prioritários".
Integrar quem trabalha nas escolas nos grupos prioritários no acesso à vacina contra a covid-19 tem sido uma das medidas pedidas por diretores e sindicatos.
Questionado hoje sobre esta hipótese, António Costa disse que "o critério de vacinação é definido por um grupo técnico e dirá o que terá a dizer sobre essa matéria".
Manuel Pereira lamentou a posição do primeiro-ministro, afirmando que "é uma decisão política que poderia ser tomada pelo Governo".
Sobre o anúncio de uma campanha de testes antigénio nas escolas para detetar casos de infeção de covid-19, considerou ser importante uma vez que permitirá fazer uma "radiografia das escolas".
Para o representante dos diretores escolares, "se as normas de higiene sanitária continuarem a ser rigorosas, as escolas vão continuar a ser espaços seguros".
"Não basta as escolas serem rigorosas, também é preciso que pais e encarregados de educação façam questão de cumprir as regras", afirmou.
O presidente da ANDE referiu ainda que caso a situação epidemiológica se agrave as escolas poderão sempre avançar para um ensino misto, ou seja, com algumas aulas presenciais e outras à distância, o que permitiria ter menos alunos na escola em simultâneo e reduzir a pressão nos transportes públicos.
Manuel Pereira recordou que esse é um dos três cenários desenhados pelas escolas desde que o novo ano letivo começou.
O Conselho de Ministros decidiu hoje um conjunto de medidas a aplicar durante o período de estado de emergência que começa às 00:00 de quinta-feira e termina a 30 de janeiro, entre os quais manter todas as escolas abertas.
Em conferência de imprensa para anunciar as medidas, António Costa recordou como o primeiro período de aulas correu "muito bem", com um número de surtos "diminuto", e saudou "todo o esforço extraordinário que os professores fizeram" quando, em março, o ensino presencial foi substituído pelo ensino à distância.
No entanto, o ensino à distância revelou fragilidades na aprendizagem dos alunos, em especial os mais carenciados.
"Não podemos sacrificar mais uma vez uma geração que é a que nos dará continuidade. Sacrificar, de novo, mais um ano letivo seria altamente prejudicial e por isso vamos manter as escolas abertas em todos os seus escalões, desde o pré-escolar até ao ensino pós-universitário", disse.
Portugal ultrapassou hoje os 500 mil casos de infeção com o novo coronavírus registados desde o início da pandemia, em março de 2020, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim epidemiológico da DGS, com o registo de 10.556 novos casos nas últimas 24 horas, Portugal atingiu hoje os 507.108 casos confirmados de infeção com o novo coronavírus, que provoca a doença covid-19.