Situação das pessoas sem-abrigo no Funchal
Durante a quarentena de Março veio ao meu conhecimento que a comunidade sem-abrigo do Funchal teve acesso ao pavilhão dos trabalhadores - perto do Pico dos Barcelos - onde poderia se abrigar, aceder a cuidados de saúde e higiene, proteger-se da pandemia e ter acesso a todo o material de prevenção (máscaras, etc). Tal pavilhão supervisionado pelas ONG que usualmente ajudam estas pessoas.
Nesta 2.ª vaga, pelo que sei, a mencionada comunidade encontra-se totalmente desprotegida e votada ao abandono pela parte das instituições públicas desta RAM. Nenhuma medida de prevenção é mencionada para esta comunidade enquanto que o restante da populacao tem recolher obrigatório...
Achando que a nossa sociedade deveria estar mais unida nesta conjectura de saúde pública, e considerando que os membros mais frágeis da nossa população devem ser os primeiros a beneficiar dos apoios públicos disponíveis para a sua proteção, gostaria de perguntar aos responsáveis de direito, quer do governo regional quer da câmara municipal do Funchal, que medidas concretas estão a ser pensadas e planeadas para fazer face a estas necessidades?
Caso nenhuma medida esteja a ser pensada para o efeito, apelo a que o mesmo ou outro abrigo seja facultado à população sem-abrigo para que a mesma possa voltar a proteger-se tanto da pandemia como das condições climatéricas que estamos a viver diariamente.
E gostaria de deixar uma reflexão para todos os cidadãos madeirenses e para os responsáveis de direito mencionados.
Qual razão nos leva a esquecer tão facilmente as pessoas sem-abrigo e o que poderá cada indivíduo fazer para reverter esta situação.
E ainda, numa ilha tão pequena como a Madeira com uma cidade tão simples como o Funchal como é possível não termos um abrigo disponível 24h para esta comunidade e postos de recolha de alimentos e mantimentos para os mesmos. Algo que cidades metropolitanas têm tão bem organizado a vários anos. Em espelho, o que poderíamos aprender com elas?
Temos a felicidade de ter uma associação, chamada CASA, que se encarrega de levar alimentos duas vezes por dia a esta comunidade mas à mesma não é facultada um estabelecimento para a criação de um abrigo.
Apelo vivamente para que em tempos de pandemia (e não só) se reconsidere a estrutura da nossa sociedade, pois todos as pessoas que habitam nesta ilha deveriam receber o mesmo cuidado, por parte de quem a governa. Felizmente, já vimos o quão rápido e eficiente as medidas de prevenção podem ser instauradas, o que me leva a acreditar que novas mentalidades e formas de viver em cidadania também podem ser criadas com a mesma velocidade.
Natashja Vieira