Agora sim, toca a exigir ao Terreiro do Paço!
Apesar de todos os esforços, seja por parte do governo regional, através da autoridade regional de saúde, seja por parte dos dedicados profissionais de saúde, através do Serviço Regional de Saúde (SRS), o COVID19 apoderou-se do 20, manter-se-á protagonista no 21 e tudo fará para se manter em cena no 22. É hoje indesmentível que assistimos à sua propagação em número preocupante na Região Autónoma da Madeira (RAM). A primeira dose da vacina já chegou, esperando-se brevemente a segunda, mas a sua eficácia em “ambiente real” ainda não está totalmente comprovada e a estar, do que se conhece, não garantirá imunidade por muito tempo. Até para os que já estiveram infetados e recuperaram da doença, não há a certeza de que não voltem a infetar-se, pois o conhecimento atual revela que estarão protegidos apenas por três a quatro meses. (vidé entrevista do epidemiologista, professor Manuel Carmo Gomes, na revista Visão de 17.12. passado). Estaremos assim, ainda longe de resolver os problemas provocados pela pandemia, tanto no domínio da saúde pública, como no domínio da economia e atingirmos a tão desejada imunidade de grupo. Uma região insular como a RAM, onde a sua principal atividade económica, o sector (alargado) do turismo, está gravemente afetada e as previsões de organismos internacionais apontam a recuperação da indústria para 2023, como é o caso da Organização Mundial de Turismo (OMT), ou 2024, no caso da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), não dispõe de meios próprios para debelar a enorme crise económica que aí está e durará até que se voltem a ver turistas em número suficiente. Ora em face da grave situação que se começa a desenhar no arquipélago, recomenda-se ao governo regional que desta vez, (sim, desta vez e não por qualquer coisinha, como se não houvesse autonomia constitucionalmente consagrada), vá em romaria ao palacete de São Bento, colocar o chefe do governo da república ao corrente da gravíssima situação que a região potencialmente poderá ter de enfrentar, com vista a que a RAM seja “colocada” no mapa como território nacional e analisar, em conjunto, o que a república pode fazer para ajudar a região, como é sua obrigação. Obviamente que o Presidente da república também deverá estar correta e atempadamente informado. Sem orgulhos contraproducentes e com a certeza que não haverá qualquer perda ou diminuição de autonomia por fazê-lo e nem a população, pelo menos a esclarecida, isto é, aquela que formula opinião própria, se sentirá minimamente consternada com isso. Há que ter em mente que há certas matérias, como a seja a saúde, que dada a sua importância, a população pouco interessada está em saber se foi o partido “A” ou o partido “B” que fez ou deixou de fazer. Em situações como a que vivemos, a população olha para os homens e mulheres que tiveram ou não, à altura da situação, com visão e coragem para tomar as medidas que a conjuntura exige, porque em face do real problema, querem é o assunto devidamente enfrentado e resolvido. É aí que os vultos humanos ganham uma dimensão que ultrapassa as instituições, no caso, os partidos. A situação que se vive não permite que se esteja com “politica de bairro”, nem interesses decorrentes de partidarite. É o interesse nacional que está em causa, e a nação, com autonomias ou sem elas, é um Portugal inteiro e indiviso. Este é o momento adequado para exigir ao Estado a assunção das suas responsabilidades também para com os portugueses da RAM, que em virtude da sua condição insular e ultraperiférica, obviamente não dispõe de meios para enfrentar os efeitos devastadores de uma pandemia mundial. Há que não negligenciar o facto de que a RAM é minúscula, e que perante o COVID19 até as grandes potências mundiais fraquejam.