Trump não pode perturbar ou atrasar tomada de posse de Biden
Lara Brown assegurou: "Não há atrasos e não há problemas de transição, não existe potencial de o Presidente [Trump] interromper ou perturbar a transição".
A cientista política Lara Brown assegurou ontem que a tomada de posse de Joe Biden como Presidente dos Estados Unidos não poderá ser perturbada de forma nenhuma pelo Presidente cessante, Donald Trump.
Numa videoconferência para a imprensa, em que a Lusa esteve presente, Lara Brown, diretora da Escola de Pós-Graduação em Gestão Política da George Washington University, sublinhou que Trump deixa de ser Presidente a partir do minuto em que Biden acaba de proferir o juramento, ao meio-dia de 20 de janeiro (17:00 em Lisboa)
Lara Brown assegurou: "Não há atrasos e não há problemas de transição, não existe potencial de o Presidente [Trump] interromper ou perturbar a transição".
Donald Trump declarou em mensagens em redes sociais, antes de ser bloqueado na rede social Twitter, que não vai estar presente na inauguração da nova presidência, que pertence aos democratas Joe Biden e Kamala Harris.
"O Presidente Trump será literalmente escoltado para fora da Casa Branca se ainda não tiver saído. Ele será visto como um intruso", afirmou a cientista política, numa videoconferência promovida pelo Centro de Imprensa do Departamento de Estado dos EUA.
Durante a história existiram animosidades e algumas "pedras no caminho" em algumas transições presidenciais, sublinhou Lara Brown.
"Mas nunca aconteceu termos um Presidente que recusou a validade das eleições ou recusou conceder", frisou.
Também já aconteceu, em 1801 e 1833, que Presidentes cessantes se recusassem a estar presentes na inauguração dos novos Presidentes por variados motivos, por isso a falta de comparência de Trump não preocupa o novo Presidente nem os especialistas.
A cientista política acrescentou que tem havido atrasos no apoio e comunicação entre as campanhas de Trump e Biden e alguns atrasos de execução nas questões relacionadas com a mudança de administrações, mas que não merecem tanto enfoque.
"Afinal, Biden foi vice-Presidente e esteve no Senado durante décadas, se há alguém que pode começar a alta velocidade, porque sabe o que vai acontecer, é ele", declarou a professora, antiga integrante do Departamento de Educação dos EUA, nomeada pela administração do antigo Presidente Bill Clinton (1993 -- 2001).
Para Lara Brown, Joe Biden é a pessoa mais indicada para ultrapassar os desafios e liderar o país nesta altura, dado o seu historial e experiência, e a sua administração vai poder começar a trabalhar muito em breve.
A 20 de janeiro, um dos momentos mais importantes será o dos primeiros discursos prestados por Kamala Harris como vice-Presidente e Joe Biden como Presidente.
Lara Brown disse que espera que os discursos sejam um "momento solene", conjugado com um desejo de reconhecer a dificuldade que os Estados Unidos e o mundo estão a passar e "oferecer esperança e otimismo que o coronavírus e a crise económica vão ser combatidos e vão acabar".
Depois da violenta invasão ao Capitólio, a 06 de janeiro, há uma necessidade ainda maior de o novo Presidente usar um discurso para unir os partidários de todas as fações, disse Lara Brown.
Na visão da especialista, o Presidente deve declarar que "apesar de divisões ideológicas, somos todos americanos e temos de continuar juntos para assegurar que a promessa de democracia americana é realizada".
O discurso inaugural, que será um apelo para união e tolerância, é também uma declaração da visão para o futuro, explicou a autora de dois livros e coautora de diversos outros.
Depois da inauguração, tipicamente segue-se um "período de lua-de-mel", em que os oponentes partidários estão, normalmente, mais silenciosos no criticismo e a aprovação do Presidente também é maior, disse Lara Brown.
No dia 20 de janeiro, quando a tomada de posse terá lugar, Joe Biden deverá ir de comboio de Wilmington (estado de Delaware) para Washington, numa alusão à sua história de mais de 30 anos como senador, em que se deslocava, todos os dias, de comboio da sua residência para o trabalho no Congresso.
Prevê-se que todos os antigos Presidentes americanos ainda vivos estejam a assistir à cerimónia de tomada de posse, exceto Jimmy Carte, de 96 anos, e Donald Trump.
A cerimónia não será aberta ao público e os festejos foram reduzidos drasticamente em comparação com um período normal por causa da pandemia de covid-19.
A comissão de inauguração de Biden insiste que as pessoas fiquem em casa e vejam a transmissão 'online' da tradicional parada e da comemoração, tal como foi a Convenção Democrata em agosto do ano passado e grande parte da campanha eleitoral.
Para assinalar as multidões que não se vão aglomerar no dia da inauguração do novo presidente, serão erigidas mais de 191 mil bandeiras na zona do Naitonal Mall e dez pilares com luzes e 56 focos de luz.