Coronavírus Madeira

Filipe Sousa critica a "sobranceria com que estas medidas são anunciadas, sem direito a perguntas”

Autarca de Santa Cruz considera que o Governo Regional tem revelado “arrogância, um tentar diabolizar o povo em vez de uma atitude pedagógica e democrática”

None

Antes de reagir às medidas ontem anunciadas pelo Governo Regional, Filipe Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, fez questão de deixar dois pontos prévios.

“O primeiro é que derrotar este vírus depende, antes de mais, de comportamentos individuais, e não apenas de medidas dos órgãos de poder. Embora, quando a pandemia atinge níveis extremos, devem ser tomadas medidas oficiais, como agora foi feito”, começa por apontar.

“O segundo é que todas as medidas de contenção e de confinamento têm um elevado preço a pagar. O que torna tudo mais difícil. Ou seja, quer isto dizer que não estamos perante um problema fácil,  nem de solução milagrosa, nem perante um problema que se resolva por decreto oficial”, considera.

Estabelecidos estes dois primeiros pontos, o autarca santa-cruzense responde então às medidas ontem tomadas pelo Governo Regional, suscitando algumas questões.

“A primeira delas é a sensação que fica de que algumas das medidas são apenas tomadas para dar a ideia  de que se está a fazer qualquer coisa. Fui dos primeiros a defender que, depois do Natal, deveria ter sido adiado o início das escolas por pelo menos 15 dias, período que poderia depois ser recuperado mais à frente. A opção não foi essa. O encerramento veio a reboque dos números que já se sabia que iriam crescer. E, ainda assim, foi um encerramento durante dois dias úteis, com testagem apenas a professores e funcionários e deixando de fora o grosso da comunidade educativa que são os alunos. Isto com a agravante dos mais jovens serem também, por natureza, mais descuidados com os comportamentos a ter”, lembra.

“Depois encerra-se apenas alguns níveis de ensino, esquecendo-se que muitas famílias têm filhos em vários níveis de ensino e que o risco de contágio não será resolvido com esta meia medida”, avisa.

O autarca do JPP realça ainda “como negativo a sobranceria com que estas medidas são anunciadas, sem direito a perguntas, o que é tão mais grave quando estamos perante um problema que deve ser explicado com transparência e com disponibilidade para falar às pessoas. O que se tem visto é uma arrogância, um tentar diabolizar o povo em vez de uma atitude pedagógica e democrática”, acusa.

Leia aqui as novas medidas restritivas para a Madeira até 31 de Janeiro

Miguel Albuquerque anunciou um conjunto de novas regras para a Região, que entram em vigor à meia-noite desta quarta-feira, dia 13 de Janeiro

Rúben Santos , 11 Janeiro 2021 - 17:10

Acrescem dúvidas sobre o sucesso destas medidas parciais.

“Creio que se formos confinando aos poucos não só não vamos resolver o problema, como vamos prolongar os efeitos desse mesmo problema na economia, nas famílias e em todos os sectores sociais. Ou seja, quer-me parecer que o Governo Regional foi muito melhor e mais eficaz a enfrentar o problema quando ele ainda não existia, do que a solucionar o problema agora que ele realmente existe e está a assumir proporções preocupantes”, compara.

Mas as preocupações do autarca não se ficam por aqui.

“Temo ainda pelo resultado destas meias medidas no sistema de saúde, já de si frágil.

Volto a dizer que nada disto é fácil e que ninguém tem soluções milagrosas, mas há atitudes e decisões que poderiam ser diferentes e, se calhar, mais eficazes e mais ajustadas à transparência, solidariedade e diálogo que esta pandemia exige.

Por exemplo, neste confinamento, a sector da restauração e similares sairá muito prejudicada, pelo que não sei se as medidas tomadas não deveriam ter sido acompanhados de algum tipo de ajuda, por menor que fosse”, reclama. 

Fechar Menu