Professores alertam para "incongruência"
Sindicato dos Professores da Madeira fala de "contradição" nas medidas recentemente anunciadas de combate à Covid-19 na Região
Francisco Oliveira diz que o encerramento das escolas deveria acontecer em todo o sistema educativo e não apenas para o 3.º Ciclo e Secundário, uma vez que se há risco para os alunos mais crescidos, há efectivamente para os outros. O presidente do Sindicato dos Professores da Madeira concorda com as medidas adoptadas pelo Governo Regional no âmbito do controle à propagação da covid-19, mas considera que deixar as restantes escolas a funcionar é incoerente.
Sandra S. Gonçalves , 12 Janeiro 2021 - 07:00
Numa reacção às medidas anunciadas ontem, Francisco Oliveira entende que são a prova de que a situação se vinha agravando. “Era necessário, justificam-se, claramente”, disse, analisou. A sua questão e incompreensão é em relação ao diferencialmente feito pelo Executivo ao fechar apenas parcialmente as instituições de ensino, o que revela “incongruência”.
“Concordamos que as escolas fechem porque a situação pode daqui para a frente ser galopante e isto ajudará, como as outras medidas, a travar este crescimento. No entanto há aqui uma grande contradição que é fechar as escolas do 3.º Ciclo e Secundário, e não fechar a educação Pré-Escolar, o 1.º Ciclo e 2.º Ciclo”, frisou o sindicalista. “Compreendemos que estas crianças criariam dificuldades, estando em casa, aos pais. Mas aqui ou optamos por criar efectivamente medidas que reduzam os números na Região Autónoma da Madeira, ou então vamos ter muita dificuldade de o fazer, tentando fazê-lo através de medidas incongruentes”.
O Sindicato já tinha defendido a testagem também dos alunos neste regresso às aulas após as festas de Natal e Fim do Ano, o que não aconteceu. Conta que nestes últimos dias havia muita pressão dos professores no sentido de fechar as escolas, fruto do sentimento crescente de insegurança.
“Se há risco para os alunos mais crescidos, há efectivamente para os outros”, lembrou, na sua opinião até mais para os mais novos, que no entender de Francisco Oliveira são mais susceptíveis de ter comportamentos de risco e de ter a doença sem sintomas. O presidente do SPM recorda que as crianças do Pré-Escolar não usam máscara, havendo ainda menor protecção. “Vai ser um problema”, avisa.
Francisco Oliveira admite que os alunos mais velhos possam ter outra capacidade de acompanhar o ensino à distância. Não acredita é que esta possa ter sido a questão de diferenciação. “Sabemos que as finanças já estão completamente arruinadas e esta iria aumentar, mas aqui a prioridade tem de ser dada ao combate ao vírus”, reagiu, recomendando a aposta numa medida mais abrangente por estes quase 20 dias, que devolva a confiança às pessoas em geral e em particular à comunidade educativa.