Ana Gomes é candidata à Presidência da República
A diplomata e ex-eurodeputada socialista apresenta publicamente a candidatura esta quinta-feira
A diplomata e ex-eurodeputada socialista Ana Gomes confirmou hoje à agência Lusa que vai ser candidata a Presidente da República e que a sua candidatura será publicamente apresentada na quinta-feira.
Esta notícia sobre a candidatura presidencial de Ana Gomes foi avançada pelo jornal Público, a quem a ex-dirigente socialista declarou: "Serei candidata".
Ana Gomes, citada pelo Público, remeteu a explicitação dos motivos inerentes à sua candidatura às eleições presidenciais de 2021 para a sessão de quinta-feira.
No domingo, no espaço de comentário que tem na SIC Notícias, Ana Gomes disse que até ao final desta semana iria decidir sobre a sua candidatura a Presidente da República, afirmando estar então na fase final da sua reflexão.
Reflexão começou em Maio
A ex-eurodeputada socialista colocou pela primeira vez como hipótese entrar na corrida a Belém no passado dia 17 de maio, na SIC Notícias, dizendo que iria refletir sobre esse passo, embora não ambicionasse ser candidata.
Segundo Ana Gomes o que se passara dias antes entre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, na fábrica da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, tinha mudado "muita coisa".
Nessa visita, António Costa manifestou a expectativa de regressar àquela fábrica com o atual Presidente da República, já num segundo mandato, dando como certa a sua recandidatura e reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa.
No entender de Ana Gomes, esse episódio foi "absolutamente lamentável, deprimente mesmo" e "perigoso para a democracia", devendo provocar "uma reflexão" da sua parte e de todos os democratas, porque "de facto mudou muita coisa".
Questionada se admite mudar de ideias e candidatar-se a Presidente da República nas eleições de 2021, a ex-eurodeputada respondeu: "Admito refletir, é isso que vou fazer".
Enquanto militante socialista, Ana Gomes criticou António Costa por ter assumido uma posição sobre as presidenciais quando "não estava na qualidade sequer de dirigente partidário, mas na qualidade de primeiro-ministro" e observou que "a democracia não está suspensa", mas "parece que alguns pensam que está suspensa no PS".
Dentro do PS, a candidatura de Ana Gomes recebeu já o apoio do antigo líder parlamentar e ex-eurodeputado socialista Francisco Assis, e do líder da tendência minoritária dentro da Comissão Política do PS, Daniel Adrião.
Em recente entrevista ao jornal "Expresso", o primeiro-ministro considerou que se Marcelo Rebelo de Sousa não se recandidatasse a Presidente da República "havia um problema grave no conjunto do país" que, no seu entender, tem por certo que concorra a um segundo mandato do atual chefe de Estado.
Na mesma entrevista, adiantou que, por exercer as funções de primeiro-ministro, adotará uma atitude de "recato" nas próximas eleições presidenciais.
Já sobre a forma como o PS vai gerir o processo das próximas eleições presidenciais, o secretário-geral socialista disse que haverá um momento em que os órgãos do seu partido se irão pronunciar sobre essa matéria.
"Sendo eu também primeiro-ministro, seja a pessoa que menos interfira nesse debate, porque terei de ter com o próximo Presidente uma relação institucional. Não vou interferir muito nessa campanha eleitoral", avisou.
Na perspetiva de António Costa, um primeiro-ministro em exercício, em período de eleições presidenciais, "deve manter recato".
"Ana Gomes é a candidata cigana", refere André Ventura
O reeleito presidente do Chega e anunciado candidato presidencial, André Ventura, definiu hoje a ex-diplomata Ana Gomes como "a candidata cigana", após esta se ter apresentado como concorrente às eleições para a Presidência da República de janeiro de 2021.
"Numa certa metáfora, Ana Gomes é a candidata cigana destas Presidenciais. Eu sou o português comum", disse Ventura, em declarações à agência Lusa.
Para Ventura, a ex-eurodeputada socialista "não chegará à segunda volta" das eleições para chefe de Estado.
"Disputarei a segunda volta com Marcelo Rebelo de Sousa [atual Presidente e que só anunciará uma decisão sobre uma eventual recandidatura em novembro] e será a segunda volta mais espetacular da nossa história democrática", previu.