Obrigado
Devolvi sempre em lealdade, trabalho e esforço sem limites, a confiança que depositaram em mim
Realiza-se nos próximos dias 19 e 20 de Setembro o XIX Congresso do PS Madeira, que consagrará uma nova liderança e novos dirigentes.
Ao longo dos últimos três anos, desde o primeiro dia de uma disputa interna de dureza sem precedentes e o último de uma sucessão inegavelmente pacífica, servi o PS com o orgulho de pertencer à terceira geração de socialistas que o são por total convicção, de coração e razão, e com a determinação de erguer um sonho ainda por concretizar: mudar a Madeira e colocá-la verdadeiramente ao serviço de todos os madeirenses. Não descobri nem a Madeira, nem o PS ontem, e muito menos partilhei estranhas paragens, políticas ou partidárias, antes de chegar a este destino. A causa maior do PS na Madeira não mudou ao longo de mais de 40 anos de História e encerra em si outras incompatíveis com convicções dúbias, sobre as quais se levantará sempre a dúvida razoável de se chegam a sê-lo verdadeiramente. Consagrar na Região uma democracia plena, consolidada sobre o signo máximo da alternância de poder, não é compatível com convivências que possam minar a real intenção de concretizar semelhante objectivo, totalmente fiel às suas motivações originais.
Não duvido, por um minuto que seja, do sucesso, mesmo que relativo, do ciclo que agora se encerra, que consolidou o papel europeu e que reforçou o papel nacional e regional do PS Madeira e dos seus deputados. Não duvido também que o ciclo que se segue terá necessariamente de ser marcado pelo reforço do papel autárquico de um partido que tem nos seus autarcas o expoente máximo da concretização da política em que acredita: próxima, ao serviço das pessoas e do seu futuro, fazendo, em tantos sítios quantos aqueles onde fomos eleitos, o que não foi feito durante décadas a fio. Esse passo local será fundamental para concretizarmos a nossa ambição regional.
No final deste ciclo, endereço publicamente a todos os simpatizantes e militantes socialistas, a todas as nossas secções e concelhias, à Juventude e às Mulheres Socialistas, aos nossos funcionários, a todos sem excepção, o meu agradecimento pela forma voluntariosa com que nos ajudaram ao longo deste percurso. Devemos muito a tanta gente: conversas que deveríamos ter tido, palavras que deveríamos ter dirigido, convívios que deveríamos ter proporcionado. Gente a quem nunca conseguiremos devolver o que deram a este projecto, de forma tão abnegada. A energia e a dedicação que colocaram ao serviço desta causa, ultrapassa largamente qualquer reconhecimento que possamos algum dia fazer-lhes. Muito obrigado é dizer pouco a quem despendeu tanto - tempo, vida pessoal e familiar, recursos materiais e financeiros próprios - para ajudar a concretizar um sonho que infelizmente ainda não foi desta que conseguimos implementar.
Não fui, é certo, imune a erros - e deles, como outros porventura terão tentado fazer, não me distancio. Não terei sido, porém, responsável pela causa, origem, ou motivação de desfechos menos felizes. Nas páginas virtuais do costume e de jornais, pelas mãos de companhias de café travestidas de conhecedores escribas, houve quem se tenha entretido a discorrer teorias sobre distantes cisões internas inexistentes e eventuais tensões provocadas por aparentes impulsividades de quem sempre se recusou a ser acrítico subserviente - descobertas tardias, putativas justificações pós-eleitorais de ilusionistas. Se manter convicções e recusar cedências a alianças de circunstância desprovidas de qualquer substância foi com isso confundido, pois disso sou certamente, e assim me assumo, culpado. Haverá sempre quem, incapaz de reflectir sobre os seus próprios defeitos, insucessos, frustrações e más decisões, deles prefira fugir como o diabo da cruz, chutando para outros e para longe, restando o tempo para esclarecer quem, quando e como tinha ou não mais ou menos razão.
2021 será um ano determinante para o futuro dos concelhos da Região e, certamente, para o PS. Os desafios que temos pela frente não são mais pequenos do que aqueles que enfrentámos em 2019 e precisamos, por isso mesmo, de um partido real unido, mobilizado e motivado para vencer, concentrado no fundamental. Quem recebe o partido hoje, recebe-o em muito melhores condições do que aqueles que contribuíram para aqui chegarmos. A todos os que fizerem parte, enquanto dirigentes, desta nova fase da vida do PS, os meus votos são os de que nunca lhes falte empenho e sucesso; a todos os nossos militantes, são de agradecimento, pela Honra maior que me deram de servir o PS, sem dele me servir por um momento que fosse, e, convosco, a Madeira e os madeirenses. Devolvi sempre em lealdade, trabalho e esforço sem limites, a confiança que depositaram em mim e a oportunidade que me deram. Nunca contei que esta minha passagem pelos órgãos dirigentes do PS na Madeira fosse mais do que uma nota de rodapé na já longa História que levamos, onde um dia escreveremos, estou certo, a página mais bonita em falta. Desta fase levo, por isso mesmo, tanto quanto aquilo com que entrei, com o desprendimento de sempre: convicções e coragem - para alguns estrategas sombrios, percebo agora, excessivamente revolucionária, qual pecado capital da política moderna. Que assim seja. Obrigado - e até já.