O pai de Jacob Blake, o afro-americano que foi alvejado sete vezes nas costas por um polícia, disse sexta-feira que o filho está otimista quanto ao futuro.

Jacob Blake Sénior, o pai, falou com a agência Associated Press por vídeo chamada e disse que as últimas duas semanas foram "surreais", que está mentalmente exausto e que recebeu ameaças de morte, sobre as quais disse não poder adiantar pormenores.

"Tem sido difícil para todos", disse. O filho permanece nos cuidados intensivos e "está um pouco melhor", mas continua "sem movimento da cintura para baixo", paralisado.

Apesar disso, afirmou, os dois falam sobre o que vão fazer juntos quando Jacob Blake sair do hospital, não se focando nas limitações físicas que terá se continuar paralisado.

"Vamos pescar juntos, ele de cadeira [de rodas]. Conheço o sítio perfeito. Coisas dessas, coisas que não têm nada a ver com doença ou assim", afirmou.

Jacob Blake Sénior falou esta semana com o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, que se deslocou a Kenosha, mas disse que o Presidente, Donald Trump, deixou claro que não tinha interesse em falar com a família.

Falar com Biden e a mulher, Jill, foi como falar com uns tios, revelou. "Ele entrou naquele quarto com simpatia, empatia, com atenção. Não foi uma coisa política", considerou.

A família disse a Biden que quer que todos os agentes da polícia tenham câmaras nas fardas, algo que os polícias de Kenosha não tinham, e recebam treino de controlo de situações, além de exigir o despedimento do agente que alvejou Jacob, atualmente em licença administrativa.

Blake Sénior disse que falou com o filho duas horas antes do incidente, e que na ocasião falou também com um dos netos, que fazia anos nesse dia. Esse neto, e dois outros filhos de Jacob Blake, estavam dentro do automóvel quando o tiroteio aconteceu.

O pai Jacob não falou ainda com o filho sobre o que aconteceu antes do tiroteio.

"Não há nada que o meu filho possa ter feito que justifique ser alvejado sete vezes pelas costas", frisou.

Jacob Blake, 29 anos, foi atingido a tiro em 23 de agosto.

O caso desencadeou protestos que tornaram o Wisconsin centro do debate por todos os Estados Unidos da América sobre violência policial e injustiça racial.

O debate, e os protestos por todo o país, foram desencadeados pelo caso de George Floyd, um afro-americano que morreu asfixiado por um polícia branco em maio passado, em Minneapolis.