Câmara do Funchal aposta em 'Mercado Sustentável'
Entre várias iniciativas, o objectivo é trocar os sacos de plástico pelos de papel ou pano. Obras na estrutura também estão previstas.
A Câmara Municipal do Funchal vai canalizar 500 mil euros para a estratégia sustentável do Mercado dos Lavradores, entre requalificação da própria estrutura do edifício e iniciativas orientadas para a eficiência energética e sustentabilidade. Do total do investimento, 300 mil euros serão provenientes do Fundo de Turismo, para serem executados em 2020-21.
A estratégia, revelou o presidente da autarquia esta quarta-feira durante a apresentação do projecto 'Mercado Sustentável', assenta em três eixos: económico, ambiental e social: "No que diz respeito à sustentabilidade económica já foram tomadas um conjunto de iniciativas e de medidas que preveem a redução dos consumos energéticos, com substituição de lâmpadas tradicionais por led, que têm permitido uma redução nos consumos globais do Mercado dos Lavradores de cerca de 8%". Miguel Silva Gouveia explicou que também faz parte "a instalação de equipamentos que permitem compensar energia reactiva, o que tem um reflexo directo na factura energética que é paga à empresa de elecricidade e ainda nos consumos de água com equipamentos mais eficientes que permitam as poupanças de água".
Já no eixo ambiental entra, por exemplo, o combate ao plástico: "Apesar de no contexto de pandemia ter sido de alguma forma flexibilizada para evitar algum tipo reutilização de utensílios que possam depois provocar contágio - a verdade é que fomos mais permissivos na utilização dos plásticos de utilização única. Mas a estratégia está em vigor e não podemos deixar que a pandemia sirva para esmorecermos a nossa intenção de continuar a combater os plásticos", destacou Miguel Silva Gouveia. Por isso, o executivo camarário começou por distribuir sacos de papel aos comerciantes do Mercado dos Lavradores como uma forma de incentivar ao seu uso mais frequente. Para os comerciantes, neste momento, o preço de um saco de plástico tem o mesmo custo do que o de um saco de papel. E, lembra Miguel Silva Gouveia, quantos mais de papel forem comprados, mais desce esse valor Além disso, há ainda os sacos de pano desenhados para com a marca 'Mercado dos Lavradores': "São sacos que nós já temos distribuído entre os comerciantes do Mercado".
Depois, do eixo social, faz parte o combate ao desperdício alimentar. Explica o autarca: "Na linha da nossa subscrição ao Pacto de Milão, procurando reutilizar todos os géneros alimentícios que eventualmente não sejam comercializados, essa também é uma das práticas de sustentabilidade social que estamos a tomar".
A CMF desenvolveu também uma auditoria energética no Mercado dos Lavradores e, disse Miguel Silva Gouveia, "e os resultados já foram convertidos na reabilitação que estamos neste momento a projectar, uma reabilitação que ascende a 300 mil euros financiada pelo Fundo de Turismo e que irá compreender substituição de redes eléctricas, de redes de águas e esgotos. No fundo, procurando também deixar essa pegada ecológica da sustentabilidade no projecto de reabilitação do próprio Mercado".
Além disso, a instalação de painéis fotovoltaicos na cobertura também está prevista: "É uma cobertura bastante grande. Já temo-lo feito noutras locais da Câmara, como no edifício da Loja do Munícipe, com um investimento de cerca de 100 mil euros. Aqui também deverá ser novamente cerca de 200 a 300 mil euros de investimento nessa vertente da eficiência energética e da venda à própria rede. (...) Estaremos a falar de cerca de meio milhão de euros de investimento entre a própria requalificação do Mercado e outras iniciativas de cariz de eficiência energética ou de sustentabilidade económica, ambiental e social, nos próximos dois anos".
Sociohabita Funchal
À margem da apresentação do 'Mercado Sustentável', questionado pelos jornalistas sobre novos desenvolvimentos relacionados com a saída de Filipe Rebelo da administração da Sociohabita Funchal, Miguel Silva Gouveia respondeu: "Os esclarecimentos foram feitos. Neste momento a vereadora que tem o pelouro irá marcar uma Assembleia Geral para estabelecer aquelas que serão as condições de administração depois de se efectivar a saída do actual administrador. Dentro da medida do possível, será a própria vereadora a assumir até o final do mandato, mas é necessário ver legalmente se é possível fazer e que competências pode delegar nos próprios trabalhadores da empresa, nos cargos de direcção da própria empresa. Até o final do mandato falta um ano, não há intenção do município de nomear um novo administrador". À pergunta sobre como reage aos anúncios de propostas de auditoria à empresa municipal, que vários partidos solicitam depois desta saída, Miguel Silva Gouveia garantiu estar "tranquilo".
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Erica Franco , 28 Setembro 2020 - 11:45