Nobel da Literatura Svetlana Alexievitch deixa Bielorrússia para tratamentos médicos
A laureada com o Prémio Nobel da Literatura e uma das últimas figuras da oposição em liberdade na Bielorrússia, Svetlana Alexievitch, deixou o seu país para se submeter a tratamentos na Alemanha, anunciou hoje fonte próxima da escritora.
"Dentro de um mês, regressará à Bielorrússia. Ela não vai desistir das suas atividades como membro do conselho de coordenação", órgão formado pela oposição, disse à AFP a sua amiga Maria Voïtechonok.
"Ela deveria ter ido ao médico há dois meses, mas o coronavírus e os acontecimentos políticos inviabilizaram essa intenção", acrescentou, sublinhando que Svetlana Alexievitch pretende viajar para Itália depois da Alemanha.
Svetlana Alexievitch é o único dos sete membros da direção do conselho de coordenação, formado para promover uma transição de poder na Bielorrússia, que ainda está em liberdade.
Todos os outros elementos daquele órgão ou foram presos ou forçados ao exílio, como aconteceu com a figura de proa daquele movimento de contestação, Svetlana Tikhanovskaya, que fugiu para a Lituânia.
No início deste mês, Svetlana Alexievitch, de 72 anos, foi intimidada por homens desconhecidos que rondaram a sua casa chamando-a pelo intercomunicador e pelo telefone. A escritora recebeu apoio de diplomatas europeus, que se deslocaram a sua casa.
Desde o início de agosto, a Bielorrússia tem sido abalada por um movimento de protesto sem precedentes contra a reeleição do Presidente Alexander Lukashenko, que está no poder desde 1994, que foi considerada fraudulenta.
Lukashenko tem-se recusado até agora a dialogar com a oposição e os protestos têm conduzido sistematicamente a centenas de detenções.
No domingo, milhares de pessoas participaram no comício semanal da oposição nas ruas de Minsk, como tem acontecido todos os fins de semana desde as disputadas eleições presidenciais de 09 de agosto.