França está "em guerra contra o terrorismo islâmico"
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, alertou hoje que a França está "em guerra contra o terrorismo islâmico", dois dias depois do ataque junto às antigas instalações do jornal satírico Charlie Hebdo.
"O Ministro do Interior está aqui para recordar aos franceses a realidade. Estamos numa situação extremamente crítica, estamos em guerra contra o terrorismo islâmico, e talvez a tenhamos deixado, coletivamente, um pouco para segundo plano", afirmou hoje o governante francês, citado pela AFP.
Após visitar uma sinagoga em Boulogne-Billancourt, nos arredores de Paris, Gérard Darmanin lembrou os "32 atentados" que acontecerem em três anos em França, referindo que são "quase um por mês".
Na sequência do ataque de sexta-feira, que deixou duas pessoas gravemente feridas, o ministro ordenou "ao prefeito da polícia de Paris o reforço da segurança em vários locais, incluindo locais que possam ser simbólicos", como as antigas instalações do jornal satírico.
"Os judeus são particularmente o alvo destes atentados islamitas", afirmou, referindo-se a "774 pontos", como escolas e sinagogas, "que são protegidas" e mais de 7.000 polícias e militares destacados este domingo para a celebração judaica do Yom Kipur.
O novo ataque ocorreu na sexta-feira pelas 11:45 locais (10:45 em Lisboa) na rua Nicolas Appert, junto ao edifício que albergou a redação do Charlie Hebdo, e surgiu depois de, há cerca de duas semanas, a Al Qaida ter voltado a ameaçar a redação da revista satírica francesa por reeditar as caricaturas do profeta Maomé.
Isto enquanto decorre o julgamento de suspeitos no envolvimento do atentado à publicação, de janeiro de 2015.
O alegado autor do ataque desta sexta-feira de manhã, que já é conhecido das autoridades por pequenos delitos e posse ilegal de arma, foi detido pouco tempo depois na Praça da Bastilha, a pouca distância do local do crime.
Este sábado, o jovem de 18 anos confessou a autoria do crime "colocando-o no contexto da republicação de caricaturas [do profeta Maomé pelo jornal], algo que não conseguia suportar", afirmou fonte da investigação.
Além do principal suspeito, foram já detidas outras seis pessoas pelas autoridades francesas antiterrorismo por alegada ligação ao ataque, que fez dois feridos graves.
As duas vítimas são jornalistas (um homem e uma mulher) da produtora de documentários PLTV e não correm perigo de vida, de acordo com as autoridades.
A Procuradoria antiterrorismo de França assumiu a investigação ao ataque, abrindo um inquérito por "tentativa de homicídio relacionado com ato terrorista e organização terrorista criminosa".
A decisão, explicou o procurador francês, baseou-se em três fatores: a localização do ataque, junto à antiga redação do jornal satírico, o momento, visto estar a decorrer em Paris o julgamento de cúmplices do ataque ao Charlie Hebdo, e a "vontade manifesta do autor de atentar contra a vida de duas pessoas".
Na sexta-feira à noite, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, afirmou que o ataque foi um "ato terrorista islâmico" contra França e contra os jornalistas.
Em janeiro de 2015, dois extremistas islâmicos mataram 12 pessoas num ataque ao Charlie Hebdo, que mudou depois de instalações para um local não revelado.
O julgamento deste caso está a decorrer desde o início deste mês em Paris