5 Sentidos

'Succession' é a série do ano

'Watchmen' e 'Schitt's Creek' arrebatam noite de Emmys

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A segunda temporada de "Succession", da HBO, venceu esta madrugada o prémio de Melhor Série Dramática na 72.ª cerimónia dos prémios Emmy, que decorreu em Los Angeles, EUA, sem público por causa da pandemia.

Centrada em torno de um conglomerado familiar com enorme poder nos 'media', a série deu a Jeremy Strong o Emmy de Melhor Ator em série dramática, pelo papel de Kendall Roy, e o criador Jesse Armstrong levou o Emmy de Melhor Argumento para série dramática.

"Watchmen" e "Schitt's Creek" foram as duas outras grandes vencedoras da noite, ao levarem as distinções mais cobiçadas nas categorias de Minissérie e Série de Comédia, respetivamente.

Numa noite atípica apresentada por Jimmy Kimmel, os nomeados estavam ligados de forma remota aos ecrãs do Microsoft Theater e as estatuetas foram sendo entregues por estafetas. Algumas categorias foram apresentadas ao vivo por celebridades e outras por desconhecidos com profissões essenciais, como médicos, enfermeiros e professores.

"Bem vindos aos 'Pand-emmys'", saudou Jimmy Kimmel no início da noite, abrindo uma cerimónia de três horas com inúmeras referências à crise sanitária que mantém Hollywood em suspenso, mais de seis meses depois do início do confinamento.

A cerimónia não teve grandes surpresas, mas houve algumas vitórias históricas: "Watchmen", da HBO, fez história ao ser a primeira adaptação de uma banda desenhada a vencer na categoria de Melhor Minissérie.

Liderando as nomeações (num total de 26), a minissérie de nove episódios foi coroada em detrimento de outra das favoritas, "Mrs. America", e também deixou para trás "Unbelievable", "Little Fires Everywhere" e "Unorthodox".

Cord Jefferson e Damon Lindelof receberam o Emmy de Melhor Argumento para minissérie e "Watchmen" rendeu ainda dois prémios de representação: Regina King levou o Emmy de Melhor Atriz em minissérie e Yahya Abdul-Mateen II levou a estatueta de Melhor Ator Secundário em minissérie. No total, recebeu 11 prémios, incluindo fotografia e música.

Nas séries de comédia, foi "Schitt's Creek" que conseguiu o domínio absoluto. A série canadiana da Pop TV, que também está disponível no Netflix, venceu todas as categorias importantes deste género - Melhor Série de Comédia, Melhor Ator (Eugene Levy), Melhor Atriz (Catherine O'Hara), Melhor Ator Secundário e Melhor Realização (Dan Levy) e Melhor Atriz Secundária (Annie Murphy).

Para trás ficaram "Dead to Me", "The Marvelous Mrs. Maisel", "The Kominsky Method", "The Good Place", "Curb Your Enthusiasm", "What We do in the Shadows" e "Insecure". Foi a primeira vez que uma série canadiana venceu a categoria de topo.

Na representação, Zendaya tornou-se na atriz mais jovem a receber o Emmy de Melhor Atriz em série dramática, por "Euphoria", da HBO. A atriz de 24 anos estava nomeada com Olivia Colman ("The Crown"), Jennifer Aniston ("The Morning Show"), Laura Linney ("Ozark") e Sandra Oh e Jodie Comer ("Killing Eve").

Julia Garner deu a "Ozark" a única vitória nas categorias mais importantes, recebendo o Emmy de Melhor Atriz Secundária em série dramática. Mark Ruffalo levou o prémio de Melhor Ator em série dramática, por "I Know this much is true", ultrapassando os veteranos Jeremy Irons ("Watchmen") e Hugh Jackman ("Bad Education").

Ainda no género dramático, Billy Crudup foi considerado o Melhor Ator Secundário pelo papel em "The Morning Show", a única distinção angariada pela Apple TV+ nas principais categorias.

Já "Mrs. America" (canal FX), que teve muito boas críticas, deu a Uzo Aduba o Emmy de Melhor Atriz Secundária em minissérie, superando Jean Smart em "Watchmen".

No género de Melhor série de variedades, talk show, "Last Week Tonight with John Oliver", da HBO, foi novamente consagrada.

Saiba quem foram os vencedores nas principais categorias

Melhor série dramática

"Succession", HBO

Melhor série de comédia

"Schitt's Creek", Pop TV

Melhor minissérie

"Watchmen", HBO

Melhor filme para televisão

"Bad Education", HBO

Melhor série de Variedades, talk show

"Last Week Tonight With John Oliver", HBO

Melhor série de Variedades, sketch

"Saturday Night Live", NBC

Melhor ator em série dramática:

Jeremy Strong, "Succession", HBO

Melhor atriz em série dramática:

Zendaya, "Euphoria", HBO

Melhor ator em série de comédia:

Eugene Levy, "Schitt's Creek", Pop TV

Melhor atriz em série de comédia:

Catherine O'Hara, "Schitt's Creek", Pop TV

Melhor ator em minissérie ou filme para televisão:

Mark Ruffalo, "I Know This Much Is True", HBO

Melhor atriz em minissérie ou filme para televisão:

Regina King, "Watchmen", HBO

Melhor ator secundário em série dramática:

Billy Crudup, "The Morning Show", Apple TV+

Melhor atriz secundária em série dramática:

Julia Garner, "Ozark", Netflix

Melhor ator secundário em série de comédia:

Daniel Levy, "Schitt's Creek", Pop TV

Melhor atriz secundária em série de comédia:

Annie Murphy, "Schitt's Creek", Pop TV

Melhor ator secundário em minissérie ou filme para televisão:

Yahya Abdul-Mateen II, "Watchmen", HBO

Melhor atriz secundária em minissérie ou filme para televisão:

Uzo Aduba, "Mrs. America", FX

Melhor realização em série dramática:

Andrij Parekh, "Succession", HBO

Melhor realização em série de comédia:

Andrew Cividino e Daniel Levy, "Schitt's Creek", Pop TV

Melhor realização em minissérie ou filme para televisão:

Maria Schrader, "Unorthodox", Netflix

Melhor escrita para série dramática:

Jesse Armstrong, "Succession", HBO

Melhor escrita para série de comédia:

Daniel Levy, "Schitt's Creek", Pop TV

Melhor argumento para minissérie ou filme:

Damon Lindelof e Cord Jefferson, "Watchmen", HBO

Zendaya é a mais jovem de sempre a vencer Emmy de Melhor Atriz em série dramática

Zendaya tornou-se esta madrugada na mais jovem atriz a receber o Emmy para Melhor Atriz numa série dramática, conquistando a estatueta aos 24 anos na 72.ª cerimónia dos maiores prémios da televisão.

A atriz recebeu a distinção da Academia de Televisão pelo papel da adolescente Rue na série "Euphoria", uma produção da HBO que estreou no verão do ano passado.

A vitória foi uma das surpresas da noite, já que nesta categoria estavam nomeadas múltiplas veteranas de Hollywood: Olivia Colman ("The Crown"), Jennifer Aniston ("The Morning Show"), Laura Linney ("Ozark") e Sandra Oh ("Killing Eve"), além de Jodie Comer ("Killing Eve"), que em 2019 tinha vencido esta categoria.

Na altura, Comer fora a mais jovem a receber este Emmy, com 26 anos, pelo mesmo papel em "Killing Eve".

"Sei que isto parece um momento muito estranho para estar a celebrar, mas só quero dizer que há esperança nos jovens", disse Zendaya, visivelmente emocionada, no discurso de aceitação do Emmy.

"A nossa série não parece sempre um grande exemplo disso, mas há esperança", continuou, dizendo que vê e admira as pessoas da sua idade que estão nas ruas a fazer um bom trabalho.

O discurso, feito a partir de uma festa de Zendaya com a família, foi feito de forma remota por causa da pandemia de covid-19, que obrigou a cerimónia dos Emmys a não ter público nem nomeados presentes.

A vitória da jovem atriz voltou a afastar Sandra Oh do Emmy que já lhe tinha fugido no ano passado e que, se acontecesse, a tornaria na primeira atriz de ascendência asiática a levar para casa a estatueta de Melhor Atriz numa série dramática.

O problema da diversidade nos nomeados e vencedores dos prémios da Academia de Televisão, que tem sido endereçado nos últimos anos, motivou o ator John Leguizamo a boicotar a cerimónia deste ano.

Segundo o ator de origem colombiana, a 72.ª edição dos prémios ignorou os atores latinos em Hollywood. Em declarações à Yahoo News, Leguizamo chamou à falta de representação da população hispânica nos ecrãs de "'apartheid' cultural".

Zendaya foi a segunda atriz afro-americana a conseguir este prémio, depois de Viola Davis em 2015, pelo papel de Annalise Keating em "How To Get Away With Murder".

Com as nomeações conhecidas desde julho, a sua vitória foi uma das poucas surpresas numa noite em que os favoritos foram confirmados: "Succession" levou sete Emmys, "Watchmen" 11 e "Schitt's Creek" nove.

Os momentos mais peculiares da noite estiveram ligados à produção e condicionantes por causa da pandemia de covid-19, com a organização a fazer ligações vídeo a 114 locais em 10 países onde estavam estrelas e nomeados aos prémios.

A cerimónia foi apresentada por Jimmy Kimmel em Los Angeles, sem público, com algumas celebridades a aparecerem em palco a espaços para apresentarem prémios.

Foi o caso de Jennifer Aniston, que, num 'sketch' inicial com Kimmel quase deitou fogo ao palco e teve de usar um extintor fornecido por um assistente de produção.

No final da cerimónia, o ator Randall Park ("Fresh off the boat") apareceu em palco acompanhado de um animal, uma alpaca.

Apelo ao voto, diversidade e justiça marcam vitórias 

Os atores Mark Ruffalo, Daniel Levy e Regina King usaram os seus discursos de vitória nos prémios Emmy, que a Academia de Televisão entregou esta madrugada em Los Angeles, para fazer apelos ao voto, diversidade e justiça.

Numa cerimónia em que os vencedores falaram a partir de casa ou de festas isoladas, por causa da pandemia de covid-19, Mark Ruffalo fez o discurso mais fervoroso da noite.

"Temos um momento grande e importante à nossa frente", disse o ator, referindo-se às eleições de 3 de novembro, que vão definir o próximo presidente dos Estados Unidos e a composição do congresso.

"Vamos ser um país de divisão e ódio? Um país apenas para certos tipos de pessoas? Ou vamos ser um [país] de amor, força e luta, onde todos têm o sonho americano e a busca da vida, liberdade amor e felicidade?", questionou.

Ruffalo, que venceu na categoria de Melhor Ator em minissérie por "I Know This Much is True", apelou aos cidadãos para que "façam um plano" e votem "pelo amor, compaixão e bondade".

"Temos de nos aproximar com amor, uns pelos outros", disse, na companhia da mulher, Sunrise Coigney. "E se vocês são privilegiados, têm de lutar pelos menos sortudos e mais vulneráveis", afirmou, dizendo que a diversidade "é o que é excelente na América" e que "somos mais fortes juntos quando respeitamos a diversidade uns dos outros".

Antes de Ruffalo dizer estas palavras, já Daniel Levy tinha apelado ao voto num dos seus discursos de vitória, uma vez que o ator recebeu vários prémios Emmy esta madrugada, por "Schitt's Creek".

"A nossa série, no seu âmago, é sobre os efeitos transformadores do amor e da aceitação, e isso é algo de que precisamos agora mais do que nunca", afirmou Levy, que interpreta um personagem pansexual em "Schitt's Creek". "Para qualquer um de vocês que ainda não se registou para votar, façam-no e votem, e essa será a única maneira de termos algum amor e aceitação".

Já as atrizes Regina King e Uzo Aduba envergaram camisas com a cara ou o nome de Breonna Taylor, uma afro-americana que foi morta a tiro quando a polícia entrou à força na sua casa, para executar uma busca referente a terceiros.

"Têm de votar", disse Regina King, que venceu o Emmy de Melhor Atriz em minissérie. "Seria negligente se não mencionasse isso, já que faço parte de uma série tão presciente como 'Watchmen', disse a atriz, que terminou com uma homenagem a Ruth Bader Ginsburg, a juíza progressista do Supremo Tribunal, que morreu na sexta-feira passada.

"Watchmen" parte de um acontecimento real, um massacre em Tulsa, em 1921, em que o local conhecido como "Wall Street Negra" foi palco de violentos motins durante os quais multidões de brancos incendiaram e pilharam casas e lojas, e atiraram sobre afro-americanos.

Cord Jefferson, que com Damon Lindelof recebeu o Emmy de Melhor escrita para minissérie por um dos episódios de "Watchmen", referiu o massacre como o "pecado original".

"Este país negligencia e esquece a sua história, muitas vezes para seu próprio risco, e penso que nunca devemos fazê-lo", afirmou.

HBO domina prémios com resultados modestos da Netflix

A HBO foi a cadeia que mais prémios Emmy arrecadou esta madrugada, em Los Angeles, levando 30 estatuetas e vencendo em várias das categorias mais importantes da cerimónia.

"Succession" foi considerada a Melhor Série Dramática do ano, "Watchmen" venceu o Emmy para Melhor Minissérie, "Last Week Tonight With John Oliver" foi a Melhor Série de Variedades, 'talk show', e "Bad Education" venceu na categoria de Melhor Filme para Televisão.

Nas categorias de representação, as séries da HBO - que totalizara 107 nomeações - renderam prémios a vários protagonistas, incluindo Regina King, por "Watchmen", Jeremy Strong, por "Succession", Zendaya, por "Euphoria", e Mark Ruffalo, por "I Know This Much is True".

Os números indicam que a HBO conseguiu voltar a superar a concorrência, com especial atenção para a plataforma de 'streaming' Netflix, que até tinha recebido um recorde de nomeações para os Emmys, 160, mais do que qualquer outra cadeia na história.

A Netflix totalizou 21 prémios Emmy, sendo apenas dois das categorias principais - Maria Schrader, por "Unorthodox", na realização, e Julia Garner, como Melhor Atriz Secundária, em "Ozark".

Ambas as plataformas conquistaram menos prémios que no ano passado: a HBO levou menos quatro; a Netflix, menos seis.

O mesmo sucedeu com o serviço de 'streaming' Amazon Prime, que teve um desempenho fraco, ao contrário do que aconteceu na edição dos Emmys em 2019. A plataforma levou apenas quatro estatuetas, todas por "The Marvelous Mrs. Maisel".

Também a Hulu teve uma contabilidade reduzida por comparação com outros anos, recebendo apenas uma estatueta.

Disney Plus e NBC, com oito Emmys cada, foram os destaques fora do pódio de plataformas de 'streaming' que nos últimos anos têm batalhado pelo domínio do panorama televisivo.

"The Mandalorian", da Disney Plus, venceu sete estatuetas. Este serviço de 'streaming' foi lançado nos Estados Unidos há menos de um ano e chegou a Portugal este mês.

Sem grandes surpresas nos prémios, a 72.ª cerimónia dos Emmys decorreu em Los Angeles, também sem público, por causa da pandemia de covid-19, e foi apresentada por Jimmy Kimmel.

"O mundo pode estar terrível, mas a televisão nunca esteve melhor", disse o apresentador, sublinhando que estas séries se tornaram mais importantes que nunca para as famílias fechadas em casa durante o confinamento.

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