O papa Francisco deu a sua aprovação a um novo grupo de estudos do Vaticano que visa impedir que a máfia e grupos de crime organizado explorem a imagem da Virgem Maria para fins ilícitos.

A academia pontifícia do Vaticano apresentou hoje o novo grupo, numa conferência intitulada "Libertando Maria da Máfia", numa referência à histórica relação entre a máfia italiana e a igreja católica, com as populares exibições de devoção mariana feitas por mafiosos de Itália e de outros países.

Numa mensagem lida no início da conferência, realizada no Museu das Civilizações de Roma, Francisco defendeu que a imagem e o património religioso e cultural de Nossa Senhora "devem ser preservados na sua pureza original".

Segundo referiu, todas as demonstrações populares de devoção a Maria devem "estar em conformidade com a mensagem do evangelho e os ensinamentos da igreja", e que as pessoas que as fazem devem ser verdadeiros cristãos, que cuidam dos outros e especialmente dos pobres.

A igreja católica de Itália tem sido associada à máfia sobretudo desde que ambas abraçaram a mesma causa no pós-guerra: a luta contra o comunismo.

Ao longo dos anos, alguns padres católicos opuseram-se corajosamente à máfia - e pagaram por isso com a vida -, mas muitos não rejeitaram celebrar funerais, casamentos e outros sacramentos de chefes da máfia e aceitaram as suas doações e a sua participação em procissões religiosas.

Em 1993, numa visita histórica à Sicília, na sequência do assassinato de dois magistrados do Ministério Público antimáfia, o papa João Paulo II exigiu que os mafiosos se convertessem, mudassem de vida ou enfrentassem a ira do julgamento final de Deus.

Francisco segue essa orientação, tendo afirmado que os mafiosos foram "excomungados" e que não podem viver vidas cristãs porque o seu estilo de vida constitui "uma blasfémia" a Deus.

A devoção mariana é particularmente importante para Francisco, o primeiro papa da história da América Latina, onde as demonstrações dessa afeição são comuns.

A mensagem de Francisco para o novo grupo hoje criado, que inclui clérigos e especialistas na aplicação da lei envolvidos na luta contra o crime organizado, estava datada de 15 de agosto, um dia de grande festa católica dedicado a Maria.