Madeira é das regiões com menos aumentos de mortes nesta pandemia
Só os Açores tiveram menor aumento de mortes entre Março e Agosto de 2020, comparando a média de óbitos no período homólogo de 2015 a 2019
Entre 2 de Março, dia em que ocorreu a primeira morte por covid-19 em Portugal, e 30 de Agosto, ocorreram em todo o território nacional 57.971 óbitos, mais 6.312 do que nos períodos homólogos dos anos de 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019. E nesse capítulo, a Madeira foi a segunda região com menor aumento (e ainda sem qualquer óbito por covid-19), só ultrapassada pelos Açores (que ainda assim já conta com 15 mortes associadas ao novo coronavírus).
Assim, entre as semanas 10 a 35 deste ano de 2020, comparativamente com a média de óbitos observada no mesmo período nos cinco anos anteriores, 1.822 destes quase 58 mil mortos foram devido à covid-19, o que dá uma percentagem de 3,1% do total.
"O aumento dos óbitos, registado a partir de Março de 2020, atingiu um pico na semana 15 (6 a 12 de Abril), reduzindo-se gradualmente até ao fim do período de Estado de Emergência (3 de Maio), diz o INE, em mais um estudo sobre "A mortalidade em Portugal no contexto da pandemia COVID-19", divulgada esta sexta-feira, 18 de Setembro. "No final de Maio voltou a verificar-se novo pico na mortalidade, retornando aos valores de anos anteriores nas semanas 24 e 25 (8 a 21 de Junho). A sobremortalidade relativamente à média do período homólogo atingiu o máximo na semana 29 (13 a 19 de Julho), registando-se um excedente de mortalidade de cerca de 800 óbitos", acrescenta.
Refira-se que "do total de óbitos no período 2 de Março a 30 de Agosto, ocorreram 28.400 óbitos de homens e 29.391 de mulheres, mais 2.597 e 3.715 óbitos, respectivamente, em relação à média de óbitos observada no período homólogo de 2015-2019". E acrescenta: "Mais de 70% dos óbitos foram de pessoas com idades iguais ou superiores a 75 anos. Comparativamente com a média de óbitos observada em período homólogo de 2015-2019, morreram mais 5.518 pessoas com 75 e mais anos, das quais mais 4.371 com 85 e mais anos."
Em termos regionais, "o maior acréscimo no número de óbitos relativamente à média 2015-2019 registou-se na região Norte (+2.752), com excepção da última semana de Junho e as primeiras de Julho em que este acréscimo foi superior na Área Metropolitana de Lisboa" (+1.592), aponta o INE, "embora a maior proporção de óbitos tenha sempre ocorrido em estabelecimento hospitalar, a proporção de óbitos em domicílio e outro local foi, a partir de 2 de Março, superior à média de 2015-2019, atingindo na semana 12 (16 a 23 de março) 46,1% do total de óbitos nessa semana", valores que confluem com o impacto que a pandemia tem tido, directa e indirectamente, na saúde geral dos portugueses.
Depois do Norte e da Área Metropolitana de Lisboa seguem-se a região Centro (+1.192 óbitos), o Alentejo (+521), o Algarve (+217) e, por fim, as regiões autónomas da Madeira e dos Açores (+69 e +57, respectivamente). "Comparando o número de óbitos por semana com a média de óbitos no período 2015-2019, o excesso de óbitos registado na semana 11 (9 a 15 de Março) é explicado pelo acréscimo de óbitos registado na região Norte. Nas semanas seguintes aumentaram os contributos das restantes regiões, em particular o Centro e a Área Metropolitana de Lisboa, mantendo-se todavia, entre as semanas 13 (23 a 29 de Março) e 22 (25 abril a 31 de Maio), a região Norte com a maior contribuição para o acréscimo do número de óbitos. Nas semanas 23 e de 25 a 27 a maior contribuição para o aumento do número de óbito foi da Área Metropolitana de Lisboa, voltando o Norte a ocupar a primeira posição nas últimas semanas", acrescenta, 'comprovando o referido impacto de toda a actual conjuntura.
"Do total de 57.971 óbitos registados entre 2 de Março e 30 de Agosto de 2020, 34.167 ocorreram em estabelecimento hospitalar e 23.624 fora do contexto hospitalar, a que correspondem aumentos de 1.695 óbitos e 4.617 óbitos, respectivamente, relativamente à média de óbitos em 2015-2019 em período idêntico", frisa a autoridade estatística, que enfatiza o impacto do período de confinamento no maior aumento de mortes em contexto fora do meio hospitalar. "O excedente de óbitos fora do contexto hospitalar é importante ao longo de todas as semanas, mas especialmente até ao início de Junho (semana 23). Nas últimas semanas, o aumento de óbitos repartiu-se de forma mais equilibrada entre meio hospitalar e fora".