Anjinhos, só no Céu!
Não era de esperar - também não deve ficar esquecido - que o chefe do governo português descarregasse uma fúria desproporcionada e inexplicável, sobre a classe médica, a pretexto dos problemas dos lares. E não atinge sómente os médicos, mas todos os profissionais de saúde, ... porque os médicos não trabalham sózinhos e naturalmente nos contextos dos sistemas sanitários do país e do mundo, é muito claro, que se trabalha sempre em equipa. Talvez com a excepção do Lar de Reguengos de Monsaraz - propriedade e administração do partido socialista - onde cada um vai ajudando naquilo que pode, mesmo não sabendo aquilo que está fazer .... com a agravante do triste resultado final desencadeado, posteriormente muito especulado! Nada disto justifica aquele insulto, deveras expontâneo, “baixo”, quiçá racista, mesmo acontecendo em “off”, contra os profissionais que fazem o seu trabalho, fatalmente com risco acrescido pela situação pandémica actual e risco agravado pelo incumprimento técnico-pedagógico de algumas das instituições de apoio na III idade.
Também o sr. presidente não foi capaz de reconhecer, publicamente - como seria seu dever indispensável e inequívoco - a péssima imagem, o tom das suas palavras e um conteúdo “infeccioso” e ofensivo. E não tem desculpa! Disse o que lhe ia na alma! Disse o que pensava e aquilo que a sua cabeça na realidade pensa! Não venha agora dizer que foi mal informado... os informadores são ele quem os escolhe.
Ofendeu uma classe, para com a qual tem dívidas variadas, na progressão das carreiras, dívidas de remunerações, dívidas nas condições de trabalho, sabendo perfeitamente que nestas condições, os serviços são prestados com um eminente risco de doença infecciosa, podendo tornar-se incapacitante ou até chegar a uma fatalidade, dadas as circunstâncias. Porque, como sabemos, esta virose que estamos a tentar debelar, provocou muitas mortes, algumas inesperadas e mal explicadas por todo o mundo. A defesa sanitária do país está ou existe, na forma e nas condições da execução deste trabalho muito peculiar! Ninguém pode entrar numa guerra sem possuir mecanismos de defesa, individual e colectiva! E o senhor presidente do governo de Portugal ofendeu uma classe, abrindo um conflito com outras classes relacionadas com a mesma área profissional, quando afinal são elas quem põem o S.N.S. a funcionar.
Relembro o que aconteceu no último Juramento de Hipócrates ... o actual Secretário de Estado da Saúde, pediu aos jovens médicos - nas palavras que lhes dirigiu - para não emigrarem, e assim ficarem a ajudar o S.N.S. a troco de uns dinheirinhos e ...nas condições possíveis. Com tudo o que aprendi até hoje, acho mesmo que devíamos exigir a alguns detentores de cargos políticos a nível nacional, para que emigrem ... mas que emigrem de uma vez por todas. Porque não praticam comportamentos condignos para com o bem público, para uma defesa efectiva dos cidadãos e das sociedades que eles representam. São verdadeiros jogadores de póker, com intenções sinistras, com palavras e conversas melodiosas e embaladoras, fazendo-se passar por anjinhos. Esquecendo, que todos nós, graças a Deus, sabemos muito bem, que os anjinhos só existem no céu! E nem com binóculos os conseguimos enxergar!
Ficamos a aguardar os próximos capítulos ... e uma explicação cabal para todas as classes atingidas naquele infeliz momento do sr presidente.
P.S. O PM perdoou agora uma dívida de 225M de LFV ao Novo Banco! O AC está na lista de honra de LFV! Afinal existe o dom da ubiquidade?