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Parlamento venezuelano vai investigar empresa contratada para processos eleitorais

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A Assembleia Nacional da Venezuela (parlamento, onde a oposição é maioritária) anunciou na quarta-feira que vai investigar a contratação, alegadamente irregular, por parte do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), de uma empresa argentina para os processos eleitorais do país.

"A Comissão de Controladores da Assembleia Nacional vai investigar a contratação irregular da Ex-CLE S.A para substituir a Smartmatic, na condução da parte técnica dos processos eleitorais", anunciou o parlamento.

O anúncio ocorreu durante uma reunião parlamentar virtual na qual o deputado o Guillermo Palácios denunciou que vai ser "a mesma empresa que foi contratada pela administração de Nicolás Maduro [Presidente do país]" para implementar os sistemas de pagamento por tecnologia biométrica para os bancos Venezuela, Bicentenário e do Tesouro.

Segundo Palácios, trata-se "da mesma empresa que fez a digitalização das impressões digitais dos venezuelanos para uso eleitoral, um sistema de controle (da população) que violou os direitos humanos dos venezuelanos e que tem originado eventos eleitorais fraudulentos e falsos".

"Como exemplo, [estão] as eleições (presidenciais) de 20 de maio de 2018 e a falsa Assembleia Constituinte, forjando uma atuação sistemática corrupta e ilegal dos órgãos do Estado, a fim de prejudicar os interesses da grande maioria dos venezuelanos que querem uma mudança no país", disse o deputado.

Palácios denunciou ainda que há uma outra empresa, constituída na Venezuela em 2016, Excle Soluções Biométricas C.A., que "admitiu ter identificado biometricamente mais de 35 milhões de eleitores em 2017, quando em 2012 a Venezuela tinha 19 milhões" de eleitores recenseados.

"Isso significa que houve uma duplicação biométrica que ainda não foi explicada (...). Isto é terreno fácil para inflacionar os votos do regime", disse o deputado, que classificou a situação como "muito grave", porque "a Venezuela tem 30 milhões de habitantes, não 35 milhões".

Durante a reunião virtual, a oposição denunciou ainda que o CNE encomendou à Ex-CLE S.A a adquisição de máquinas de voto para substituir o equipamento que foi destruído durante "um incêndio não investigado" em março último, num armazém do Conselho Nacional Eleitoral.

"Não sabemos onde as máquinas foram compradas, a que preço, em que condições e qual o regime de compra", frisou.

Em março de 2018, a empresa Smartmatic anunciou o encerramento dos seus escritórios na Venezuela, por não poder validar os resultados das eleições no país.

Num comunicado, a empresa explicou que "em agosto de 2017, após as eleições para a Assembleia Constituinte, o CNE tinha anunciado resultados diferentes dos refletidos no sistema de votação", episódio que "levou a uma rutura imediata do relacionamento cliente-provedor".

As próximas eleições legislativas na Venezuela estão marcadas para 06 de dezembro, data em que o Governo venezuelano espera renovar a Assembleia Nacional, onde a oposição é maioritária e que é presidida pelo opositor Juan Guaidó.

No entanto, 37 organizações, entre elas os quatro maiores partidos da oposição (Ação Democrática, Primeiro Justiça, Vontade Popular e Um Novo Tempo), anunciaram que não vão participar nas legislativas, que antecipam ser "uma fraude".

A Venezuela tem, desde janeiro, dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a dizer que é da oposição.

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