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O novo normal e a irresponsabilidade

O turismo mudou, como tinha que mudar. Não estou a ver uma mudança para melhor, e o que prevejo são quebras de preços e diminuição em termos de volume – o que quer dizer que a Madeira como destino perde duas vezes.

No “novo normal” a distância entre as pessoas é maior, e o uso de máscara aumenta essa distância. Não sei se a máscara é realmente eficaz, mas que não haja dúvida que funciona como um relembrar desse novo normal, e da necessidade acrescida de ter cautelas.

O impacto económico da pandemia, para a Madeira e para muitos madeirenses, não pode ser minimizado, mas não compreendo como é que possa haver empresários a desvalorizar os riscos. A única explicação que encontro é que raramente estejam na linha da frente, pelo que os riscos que correm são muito menores do que os de todos os que estão realmente em contacto com o público, e que têm de dar a cara e o corpo ao manifesto.

A dicotomia entre empresários e trabalhadores evidencia-se também aqui, com os empresários a realçar os danos na economia, e os trabalhadores a apontar para os riscos, particularmente para os mais velhos – embora mesmo nos mais novos a doença possa deixar marcas para o resto da vida.

E embora tenha plena consciência da necessidade de voltar a pôr a economia a funcionar, não deixo de ter a percepção que ainda não é a altura certa para abrir completamente as portas. Mas incomoda-me – deveras – o à vontade com que toda uma série de empresários se manifesta nas redes sociais a desvalorizar uma pandemia que já causou a morte a milhares (quase um milhão, de acordo com a OMS) de pessoas um pouco por todo o mundo.

Gostava de poder ser mais optimista, mas não vejo uma inversão da situação antes de meados do ano que vem – e isso dependerá não de medidas paliativas, como controlos à chegada ou quarentenas, mas da descoberta de uma vacina eficaz e amplamente aplicada.

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