“O distanciamento fora (da sala de aula) é realmente o mais difícil”
Com o início das aulas para o secundário, a partir de hoje a Escola da Levada já funciona em pleno
É impraticável garantir o distanciamento entre alunos fora da sala de sala. As ditas aglomerações pontuais vão ocorrer todos os dias e sempre que os alunos utilizem os espaços comuns dos estabelecimentos de ensino.
Foi assim na semana passada no arranque das actividades para os diferentes ciclos de Ensino, foi assim esta manhã no arranque das aulas para o ensino Secundário na Escola Básica e Secundária Dr. Ângelo Augusto da Silva.
Nesta que é também conhecida por Escola da Levada, apesar de quase não se registar ajuntamentos à entrada da escola, lá dentro os tempos de espera – e de intervalo – são inevitavelmente passados em proximidade, uns dos outros.
“Fora da sala de aula é quase impossível [manter o distanciamento]” confirmou o próprio presidente do conselho executivo, Armando Barreiro. “É o mais difícil”, reconheceu.
Mais ainda depois de quase 6 meses com a escola praticamente fechada à conta da pandemia da Covid-19.
O dirigente compreende que depois do “términus do ano lectivo passado muito abrupto”, agora no reencontro é natural que a tendência “é estarem próximos, é abraçarem-se, é conviver – que é normal, e mais na idade que eles tem”, sublinha. Também por isso “o distanciamento fora [da sala de aula] é realmente o mais difícil”. Ainda assim, lembra que a escola procurou encontrar formas de tentar separar, dentro do possível, os alunos. Reformulou os horários intercalados por “dois intervalos apenas de 20 minutos, no turno da manhã e no turno da tarde, em que os anos de escolaridade estão distanciados por pátios”. Assim “torna-se mais fácil (garantir menos alunos no mesmo espaço), mas reconheço que não é fácil manter esse mesmo distanciamento”, assume.
Importa também sublinhar que no caso da ‘Levada’ a dificuldade em fazer cumprir com esta norma ainda assim não é tão evidente como já se viu noutras escolas.
Razão para a satisfação geral do órgão de gestão da escola que esta manhã acompanhou bem de perto a chegada dos alunos, neste que foi o primeiro dia com a escola a funcionar em pleno.
Sem atropelos nem constrangimentos – excepção apenas a situações pontuais no trânsito -, Armando Barreiro regozijou-se com o comportamento de todos. Após os toques de entrada da manhã, não teve dúvidas que as coisas “correram muitíssimo bem” para primeiro grande teste ao novo modelo de funcionamento da escola.
“Só vamos ganhar se tivermos a participação e a colaboração de todos”, lembrou
“Hoje é o dia de culminar todas as nossas experiências teóricas relativamente ao início do ano lectivo”. Uma vez que a escola acolhe alunos desde o 2.º ciclo (5.º ano) até ao secundário (12.º ano) “achamos por bem que fosse faseado” o início do ano escolar. Na semana passada a escola abriu, primeiro para os alunos do 5.º ano, no dia seguinte para o 6.º ano, fechando a semana com o arranque do 3.º ciclo.
“Hoje todos os alunos matriculados nesta escola, que são 1.330, estão em pleno na escola. Neste primeiro teste a sério ‘só’ “o distanciamento fora (da sala de aula) é realmente o mais difícil”, assinalou.
Nada que belisque a confiança, até porque, se fosse um ano normal “teríamos aqui os 1.300 e tal alunos praticamente em simultâneo. Seria um caos em termos trânsito”. Mais uma razão para reafirmar que “isto está feito em função dos tempos em que vivemos”. Neste particular salientou “a consciência que as pessoas tem na implementação de todas essas práticas”. Registou com “grande agrado” a chegada tranquila dos alunos. “É essa a grande missão que nós temos hoje em dia para que a saúde dos nossos alunos seja o bem mais fundamental”, concretizou.
Nessa missão conta com a colaboração de todos.
“Os alunos têm sido sensíveis às alterações feitas, os pais têm feito um esforço significativo, por que há uma mudança radical também nos turnos” que são desfasados ao longo do dia, o que faz com que alguns entrem mais tarde e também saem mais tarde. Reconhece que na gestão familiar, nomeadamente a conciliação laboral, este novo modelo “cria alguns problemas e constrangimentos”, mas lembra que esta “é uma ‘batalha’ que só vamos ganhar se tivermos a participação e a colaboração de todos”.
Para minorar problemas na gestão familiar de quem tenha dois ou mais filhos na escola e em horários desfasados “temos aqui actividades de substituição e um corpo docente também que já tem horas no seu horário para que possa também receber esses mesmos alunos e fazer esse mesmo encaminhamento”. Tal acontece para salvaguardar esse ponto importante que é também os pais poderem conciliar com as suas exigências laborais.
“Fazer a organização e implementação desses desfasamentos todos não é fácil, por isso a entrada e saída pode ser feita na hora que for mais própria para cada família.”