A 9 de Setembro de 1973 foi inaugurado o então designado Hospital Distrital do Funchal que ainda hoje é referenciado por “Hospital Novo”. São 47 anos do Hospital, são 47 anos de histórias de vida, a dos profissionais, a dos doentes, a dos familiares dos profissionais e dos doentes. São 47 anos de vidas que nasceram no “Hospital Novo”.

A denominação alterou-se, as paredes, portas e janelas evidenciam o sinal dos tempos, destes longos 47 anos.

Entre as discussões técnicas e não técnicas quanto à construção de um novo edifício de raiz ou à expansão para o perímetro do existente, incluindo a área da Escola Horácio Bento de Gouveia (com a possibilidade de reorganização do parque escolar do Funchal face ao menor número de alunos), associado à falta de dinheiro, colocaram-se exigências de segurança na prestação de cuidados que levaram a um conjunto de intervenções urgentes.

A frase mais ilustrativa que tenho memória resume esta urgência “ou fazem estas obras porque não haverá novo hospital nos próximos 10 anos, ou aumentam os lugares nos cemitérios”. Duro de se ouvir/ler, mas realista. Decorreram 10 anos. Não houve novo hospital e ainda bem que se fizeram as obras mais urgentes e prioritárias.

O edifício teve obras para reabilitar áreas cruciais em termos de funcionamento, mas também para permitir novas respostas e ainda para responder a situações extraordinárias. O ano em curso é um exemplo disso pois o velho “hospital novo” teve de criar condições para responder à pandemia da covid-19 criando circuitos separados para a segurança dos profissionais e dos doentes.

Hoje, a perspectiva de um novo hospital construído de raiz é diferente. O projecto prevê um grandioso edifício mas a prestação de cuidados de saúde, nem na Madeira, nem em parte alguma do Mundo, depende de paredes bem pintadas e janelas com estores automáticos. Nem o doente entra na porta azul automática, e sai curado na porta verde automática.

A prestação de cuidados só é possível porque homens e mulheres abraçam uma profissão na área da saúde e no caso concreto, a Madeira teve profissionais de saúde. Jovens que apostaram na sua formação académica na área da saúde, médicos, enfermeiros, técnicos superiores de saúde, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, farmacêuticos hospitalares, enfim… os 47 anos de história de um Hospital só existem porque existiu trabalho de homens e mulheres nas áreas específicas da saúde e nas áreas gerais – técnicos superiores, assistentes técnicos e assistentes operacionais. Só com esta máquina humana gigante foi possível a história de 47 anos de Hospital.

Passaram 47 anos, passaram várias administrações, exerceram funções de direcção clínica vários médicos, e de direcção de enfermagem, vários enfermeiros. Todos, anteriores e atuais, empenhados em fazer mais e melhor. A missão da Instituição é essa. Complexa, difícil, desafiante, mas com vontade e empenho e sobretudo com determinação pelo bem maior VIDA, todos conseguimos.

Da minha parte, parabéns e obrigado a todos os homens e mulheres que fizeram parte dos 47 anos de história deste Hospital.