Pais dizem que maior risco do regresso às aulas não está na escola
Pais e encarregados de educação consideram que as escolas estão preparadas para reabrir com segurança na próxima semana
Pais e encarregados de educação consideram que as escolas estão preparadas para reabrir com segurança na próxima semana e admitem estar mais apreensivos com a mobilidade dos alunos fora do espaço escolar, como nos transportes públicos.
A poucos dias do início das aulas, pais e encarregados de educação estão confiantes que as condições de segurança estão garantidas para as escolas retomarem o ensino presencial e reconhecem que a mobilidade dos alunos fora desse espaço controlado é mais preocupante.
"Parece que se está a criar a ideia de que a escola é o único sítio onde há perigo. Eu acredito que é nas escolas onde tudo está mais bem preparado e é mais seguro", disse à Lusa o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascenção.
Para o representante dos pais, as escolas organizaram-se e aplicaram as medidas necessárias para assegurar, tanto quanto possível, a segurança e minimizar o risco de contágio dentro do espaço escolar.
No entanto, Jorge Ascenção acrescenta que o sucesso do regresso às aulas "está muito mais dependente dos comportamentos, das atitudes e dos cuidados que cada um adota" e aí as famílias têm o papel importante de explicar aos filhos que os cuidados a ter dentro da escola devem ser mantidos depois do toque de saída.
Também o presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Rui Martins, considerou que, com a abertura do ano letivo, não é nas escolas que está o maior risco.
"A nossa preocupação tem mais a ver com a envolvência, porque a escola parece-nos que está organizada e confiamos nos professores em relação a essa organização", explicou, referindo que a questão dos transportes é aquela que mais preocupa.
À semelhança do presidente da Confap, também Rui Martins sublinha o papel e a responsabilidade dos pais que, por outro lado, também terão o desafio adicional de reorganizarem as suas rotinas e se adaptarem a algumas das mudanças que as escolas implementaram para o próximo ano.
"Por exemplo, o facto de haver famílias com mais de um filho na escola, com horários desfasados. Tudo isto vai ser um mundo novo para as famílias ao qual não estávamos habituados", referiu.
No próximo ano letivo, que arranca entre 14 e 17 de setembro, as escolas vão retomar o ensino presencial, que será o regime regra em plena pandemia da covid-19, que em meados de março obrigou ao encerramento de todos os estabelecimentos de ensino.
Agora, o encerramento vai ser uma medida de último recurso, aplicada apenas em situações de elevado risco, e os dois representantes dos pais acompanham essa opção, reconhecendo, ainda assim, que a identificação de casos positivos no contexto escolar é uma inevitabilidade.
"Vão acontecer casos, e esperemos que sejam o menos possível. Mas todos nós temos de ter calma e contribuir para que tudo venha a correr bem", referiu Rui Martins da CNIPE.
No mesmo sentido, Jorge Ascenção considerou que "não faria sentido, ao primeiro sinal, fechar logo tudo", acrescentando que esse primeiro sinal vai surgir inevitavelmente e, nessa altura, será necessário agir depressa para controlar a situação, mas mantendo a calma.