Conheça o único catamarã movido a energia solar cá na Madeira
'Máquina' foi construída de raiz em Olhão e hoje faz viagens marítimo-turísticas ao longo da Costa Norte madeirense. Esta é a sugestão do DIÁRIO na sequência da rubrica 'Hora da Boa Vida'
É o primeiro e único catamarã movido a energia solar na Madeira. Com 35 metros quadrados, levou quatro anos a ser construído, em Olhão, tem autonomia para viagens até para lá de 10 horas e navega pela Costa Norte. O ‘Onda Solar’ é um projecto idealizado por Jorge Fernandes, continental que se apaixonou por uma madeirense, natural do Seixal, em Abril de 1993. Depois de se ter encantado pela mulher que conheceu em Londres, o empresário não esconde outra paixão, aquela que nutre por toda a Costa que hoje visita pelo mar e faz outros tantos se enamorarem.
Conta-nos Jorge Fernandes que este barco “é uma central eléctrica flutuante que recolhe luz solar e que possui maquinaria suficiente para gerar energia”. Os painéis alimentam, por sua vez, os dois motores eléctricos. Para que se tenha uma ideia, se fizermos uma viagem entre 3 e 4 nós, o que equivale a 10km/h, podemos andar 10 horas sem parar. Já se a velocidade aumentar para os 8 nós (20km/h), a autonomia do ‘Onda Solar baixa para as 6 horas.
Ainda assim, em Junho, o catamarã saiu desde a Quinta do Lorde – onde esteve parado durante dois meses à espera que a situação pandémica melhorasse – e levou oito horas a chegar ao Porto Moniz, somente com recurso à energia solar. Chegou ao destino com um lado do motor a 60% e outro a 40%, ou seja, se prosseguisse ao mesmo ritmo poderia dar a volta à ilha.
É uma máquina fabulosa. Foi construída de raiz, em Olhão, porque quis ajudar empresas portuguesas e apostar no nosso país. Infelizmente, levou um pouco mais de tempo. Se tivesse entregado o projecto a uma empresa da Áustria ou Amesterdão talvez estivesse pronto em menos de dois anos. O barco levou quase quatro anos a ficar finalizado. Foi muito tempo e muita dor de cabeça e, infelizmente, a burocracia portuguesa também não ajuda. Colocaram-nos todos os entraves possíveis. Jorge Fernandes, CEO da 'Onda Solar'
O valor para desfrutar de uma viagem está fixado nos 25 euros por pessoa, e o tempo de viagem é de duas horas. O catamarã sai do Porto Moniz, passa pela Ribeira da Janela, vai até ao Véu da Noiva – onde pode mergulhar debaixo da mítica cascata – e depois pode haver ou não a possibilidade de navegar até São Vicente ou Ponta Delgada.
Entrevistado em Agosto, Jorge Fernandes dizia na altura que ia "fazendo o melhor possível" para "promover algo que ninguém mais se aventura neste momento: passeios marítimos na Costa Norte".
"Se formos à Costa Sul todos os operadores estão na água. Vemos muitos barcos. A Costa Norte é lindíssima e há muito por explorar”, garante. E que experiências são essas? Pois bem. Para além da digressão pela Costa Norte há possibilidade de vislumbrar o pôr-do-sol, realizar festas privadas, agendar uma sessão de mergulho ou até pescar, mas há mais. Quer ir até ao Porto Santo? Há possibilidade. Quer organizar uma despedida de solteiro? Sem problema. Quer oferecer um almoço ou jantar romântico à sua cara-metade na Costa Norte? Basta agendar. Sonha em ir a banhos numa praia inacessível? É só dizer o dia.
"A vossa viagem de sonho é a nossa realidade”, atira Jorge Fernandes, em alusão ao ‘slogan’ da ‘Onda Solar’. A viagem "não é ruidosa" e há um bar onde o ‘staff’ trabalha apenas com produtos regionais, como por exemplo os sumos naturais feitos a partir de fruta 100% cultivada e colhida em solo madeirense pelos pequenos produtores. Há também o premiado Gin Cannings ou Vinho Madeira. Quanto à comida, para além dos gelados artesanais da ‘Friic’, o ‘Onda Solar’ vai começar a confeccionar tábuas, mas com um conceito totalmente diferente daquilo que se vê em alto mar.
Sem queijos à mistura, o destaque vai para as torras com polvo de escabeche, ventrecha de atum ou lapas. "Coisas que as pessoas sabem o que é e nunca viram com tal apresentação", adianta o empresário. Estimulámos o seu interesse? Pode encontrar Jorge Fernandes no Porto Moniz, porque o lisboeta vai lá estar todos os dias, das 9 às 21 horas. Basta contactá-lo ou chegar à fala.
Quem é Jorge Fernandes?
Jorge Fernandes trabalhou 29 anos em Inglaterra. Começou a lavar pratos, mas em apenas 12 anos chegou à frente de um hotel, o Sheraton – conhecido em todo o Mundo - onde foi o manager de uma das unidades hoteleiras, na cidade de Londres.
Depois, queria mais um desafio e foi ‘House Manager’ de pessoas bilionárias, que é como quem diz, geriu as mansões e os funcionários de três magnatas: um judeu, que é tido como um dos pesos pesados da advocacia em Inglaterra, seguindo-se um milionário russo e por fim culminou a sua experiência com um árabe, que se quer fazer sócio e levar este negócio para o Sul de França e Itália. Este último é ‘somente’ herdeiro do segundo homem mais importante da Arábia Saudita e reside no Mónaco.
Com toda esta bagagem acumulada, Jorge Fernandes não tem quaisquer rodeios e assume que “há muitos entraves" em Portugal e que "não dão pernas para as pessoas andarem” no país. “O Governo português e o Governo Regional poderiam ouvir jovens empresários que têm ideias, mas que não conseguem avançar porque ao tentarem começar têm um monte de entraves que já os deixa desanimados. Deveriam dar oportunidade a estes jovens que passam o dia inteiro em casa e que têm ideias fenomenais. Deixei 29 anos para trás na Inglaterra, a trabalhar para pessoas muito ricas, e vim para cá lançar o meu negócio”, mencionou.
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