Parque de Merendas de Santa Cruz
Recanto escondido da natureza, tamanha beleza tem o lugar, longe da serra, longe do mar, nesse mini planalto, situado bem no alto da Linda Santa Cruz, onde nos parece o dia ter mais luz, quando por lá quebramos nossos tédios, junto à capelinha da Senhora dos Remédios.
O sussurrar do vento entre o arvoredo, em tão suave enredo, traz-nos sossego, traz-nos paz, mas doi ao ver o que certa gente por lá faz.
Na mais rica das oferendas, é nos doado ali, um lindo parque de merendas.
Assassinos à solta têm passado por este local, deixando as suas garras marcadas com tinta vermelha nas paredes, lembrando vampiros esfaimados, a limpar seus dedos nas mesmas paredes.
Alguns descaradamente deixam escrito, o nome da “família “que por lá passou como num ato de enobrecimento, no qual eu apenas vejo um empobrecimento espiritual. Sim, são pobres de espírito, essas “famílias” que deixam lá a marca do seu brasão a negro, feitas com um tição preto, tão negro como a negrura da sua própria moral.
Até nas casas de banho deixam a marca da sua visita.
Desta feita, foram mais longe nos atos.
Pobre árvore indefesa, sentiu o duro golpe da lamina de um machado (ou outro instrumento cortante), comandado por mãos assassinas, que a fizeram sangrar sua seiva, ao mesmo tempo que as suas folhas cheias de ternura, murchavam tombando para o lado. Assim jazia prostrado no chão entre as acácias, um lindo til ainda jovem (árvore endémica da Madeira).
Não foi por necessidade, ou melhor dizendo, foi a necessidade de vandalizar.
Abateram-na e deixaram-na lá, como inimigo morto em campo de batalha.
Há gente que está a mais na sociedade, gente que certamente não lê estas linhas, para a qual eu também não estou escrevendo. Escrevo sim, para as pessoas civilizadas e de bom senso que frequentam o local, sugerindo que sejamos nós os principais vigilantes deste espaço denunciando atos de vandalismo.
Há quem faça deste parque de merendas um parque de campismo, não sei se isso estará de acordo com as regras do mesmo parque. Acampar ou não, eis a questão; haja civismo.
Uma palavra de agradecimento à autarquia de Santa Cruz, pelo empenho demonstrado em manter este local tão aprazível, onde entre outros cuidados, sobressai o asseio das casas de banho.
Também um agradecimento ao diário por nos disponibilizar um espaço tão precioso, onde nós podemos de uma forma gratuita pôr a nu, verdades que não teriam outra oportunidade de vir à luz da ribalta.
Vamos vigiar o nosso parque de merendas, vamos.
José Miguel Alves