O “dever de reserva” e a “crise política”
“Os membros do Governo devem ter em relação às presidenciais um particular dever de reserva, tendo em conta aquilo que é a relação que o Governo deve manter com o próximo Presidente, com quem teremos de conviver muito tempo”, “decretou” o Primeiro Ministro (PM) o único no Governo (GO) não sujeito a esta lei da rolha. Lembre-se aquele seu despautério com o anúncio público da recandidatura do atual Presidente da República (PR) antecipando-se ao anúncio oficial da mesma, procurando obter dividendos políticos sem qualquer “reserva” e respeito não só pelo atual PR como pelos outros candidatos, mostrando menosprezo pelo caráter dos mesmos ao insinuar que se algum membro do GO apoiar um dos candidatos que não o eleito tal poderá afetar a “relação” entre GO e o futuro PR. Mais um desplante com o aviso agora enviado através de um adjunto: “Se Marcelo Rebelo de Sousa for candidato, é importante que clarifique qual será o seu posicionamento no mandato que aí vem. Os portugueses devem votar não tanto em função do exercício de mandatos passados, mas em função do compromisso dos candidatos em relação ao que será o seu posicionamento e atitude no mandato para o qual se candidatam”. O PM entende e faz questão de avisar os candidatos às próximas eleições presidenciais que a “relação” entre PR e o seu GO tem de ser “especial” e não meramente institucional e conforme a Constituição, norteada por uma postura de independência e isenção. Já a ameaça da “crise política”, e conforme afirmou um deputado socialista, foi uma encenação para “pressionar” BE e PCP a viabilizar o próximo OE e deixarem de estar “sistematicamente a apresentar propostas irrealistas”. No entanto e pese embora as “propostas irrealistas” o PM persiste em considerar que não há qualquer alternativa democrática ao beco político sem saída onde está a confinar a democracia e o futuro do País ao fazê-los depender em exclusivo de eventuais acordos políticos “irrealistas” com BE e PCP.
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