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EUA desvalorizam perdões de Maduro como "gesto sem significado"

O governo venezuelano anunciou na segunda-feira que 110 pessoas iam beneficiar de indulto presidencial

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A Administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, desvalorizou hoje a decisão do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de libertar alguns opositores políticos antes das eleições para o Congresso, preferindo sublinhar que muitos outros ativistas continuam presos.

"Restaurar direitos constitucionais que foram ilegalmente retirados não deve ser aplaudido. Todos esses prisioneiros devem ser libertados imediatamente e incondicionalmente", disse o Departamento de Estado dos Estados Unidos em comunicado.

O governo venezuelano anunciou na segunda-feira que 110 pessoas iam beneficiar de indulto presidencial, incluindo políticos da oposição que residem em embaixadas estrangeiras em Caracas ou que estão no exílio.

Hoje, um dos diretores da organização de direitos dos prisioneiros Foro Penal Venezuelano (FPV) afirmou que apenas 50 das 338 pessoas que estão detidas por motivos políticos na Venezuela vão ser beneficiadas pelo indulto.

Funcionários venezuelanos enquadraram o decreto do indulto presidencial como um gesto de boa-fé para aumentar a participação nas eleições para o Congresso, marcadas para 06 de dezembro. Uma coligação da oposição liderada por Juan Guaidó está a preparar um boicote, apelidando como fraude esse sufrágio.

Os EUA lideram uma coligação de mais de 50 nações -- incluindo Portugal -- que apoiam Guaidó como líder legítimo da Venezuela, pressionando Maduro a deixar o poder.

O Departamento de Estado norte-americano descreveu os perdões como "gestos sem significado" e disse que as condições exigidas para eleições livres e justas são claras.

"Maduro deve levantar a proibição de partidos políticos e candidatos, respeitar a liberdade de expressão e imprensa dos venezuelanos, acabar com a censura, dissolver os esquadrões da morte, providenciar uma honesta e independente comissão eleitoral e acolher observadores eleitorais internacionais independentes", pode ler-se no comunicado.

Segundo a imprensa local, estão excluídos do decreto os líderes opositores Leopoldo López, do partido Vontade Popular, atualmente refugiado na Embaixada de Espanha em Caracas, António Ledezma do partido Aliança Bravo Povo (atualmente no estrangeiro), a ex-procuradora-geral Luísa Ortega Díaz (no estrangeiro) e o ex-ministro venezuelano da Defesa, Raul Isaías Baduel (atualmente em prisão).

Entre os parlamentares e políticos da oposição libertados na noite de segunda-feira estavam Renzo Prieto, Gilber Caro e Antonio Geara, assim como o chefe de gabinete de Guaidó, Roberto Marrero.

Ao contrário de Washington, a União Europeia (UE) saudou hoje a libertação de presos políticos na Venezuela, que considerou uma "boa notícia".

Numa mensagem divulgada na sua conta da rede social Twitter, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, referiu que "a libertação de um número considerável de presos políticos e deputados perseguidos na Venezuela é uma boa notícia e uma condição 'sine qua non' para novos avanços na organização de eleições livres, inclusivas e transparentes".

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