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Irmã de luso-venezuelano preso à espera da sua libertação

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Surpreendida com a decisão do Presidente Nicolás Maduro de conceder um indulto ao politólogo luso-venezuelano Vasco da Costa, a irmã, Ana Maria da Costa, decidiu ir até à cadeia de Ramo Verde (30 quilómetros a sul da capital) para esperar a sua libertação.

"Vasco (da Costa) está na lista dos indultados. Quando o ministro Jorge Rodríguez lia o decreto presidencial eu estava ouvindo. Quando ouvi o nome do Vasco não podia nem acreditar", disse.

Em declarações à Agência Lusa, Ana Maria da Costa, explicou que a concessão do indulto presidencial "é conversa, porque o meu irmão Vasco, até uma medida humanitária (libertação por motivos humanitários de saúde) já tinha e nunca a executaram".

"Vêm buscar-me porque eu vou à cadeia. Disseram-me que esperasse até amanhã, mas eu vou para lá, porque aquando da ajuda humanitária eu 'fiquei adormecida' (deixei passar o tempo) e não o libertaram. Com este indulto eu não vou ficar adormecida", disse.

Ana Maria da Costa explicou ainda que a medida de liberdade com motivos humanitários foi outorgada a Vasco da Costa em 17 de outubro de 2019, pelo Ministério Público e o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, mas que não foi executado o mandado.

Por outro lado, manifestou estar preocupada perante a possibilidade de que tentem obrigar o seu irmão a abandonar o país, em troca da liberdade.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, indultou hoje mais de 40 deputados opositores e presos políticos, entre eles o politólogo luso-venezuelano Vasco da Costa, que se encontrava detido desde abril de 2018.

Entre os indultados encontram-se vários colaboradores do líder opositor, Juan Guaidó.

O anúncio do indulto presidencial foi feito pelo ministro venezuelano de Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, através do canal estatal Venezuelana de Televisão (VTV).

"A intensão principal é que os assuntos da Venezuela sejam resolvidos pelos venezuelanos, pelas vias pacíficas, eleitorais, constitucionais e democráticas", disse.

Filho de um antigo vice-cônsul de Portugal em Caracas, Vasco da Costa, de 61 anos, foi detido na sua casa em abril de 2018 por agentes do SEBIN (serviços secretos da Venezuela), acusado de promover a abstenção nas eleições presidenciais de maio de 2018.

Vasco da Costa já tinha estado detido entre julho de 2014 e outubro de 2017. Nessa altura, foi acusado de ligações a uma farmacêutica que estaria, alegadamente, envolvida em planos para fabricar engenhos explosivos artesanais, durante os protestos ocorridos no primeiro semestre de 2014 contra o Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Segundo a irmã, o próprio Ministério Público admitiu que o crime de terrorismo de que Vasco da Costa está acusado "não existe", e questionou por que razão, assim sendo, o irmão está "detido há mais de dois anos na pior das cadeias venezuelanas".

Nos últimos meses a irmã questionou a saúde do lusodescendente que em 2019 foi operado a "um tumor no olho esquerdo e esteve em perigo de perder o olho", o que motivou apelos a diversos organismos, entre eles ao secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres e à Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet e inclusive ao Governo português.

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