Cristina - regresso à TVI
O regresso à TVI de Cristina Ferreira, adjuntos e fiéis seguidores, seria em tudo semelhante a tantas outras compras e vendas que se realizam nesta época do ano no mundo do futebol, onde se mandam às malvas elementares «valores de camisola» sempre que outro$ mai$ alto$ se levantem e onde também não falta o habitual processo judiciail para apimentar a caldeirada. Contudo esta transferência galáctica levanta adicionalmente, entre outras, duas questões que merecem alguma reflecção. Em primeiro lugar, como é possível que as televisões disputem com tanta voracidade, um programa cuja essência é um hino de exaltação ao histerismo, à gritaria e à vulgaridade e que, quando tenta (tra)vestir uma roupagem de alguma seriedade, logo vomita casos de violência gratuita, anunciados repetidamente como sendo um troféu de caça a não perder? Em segundo lugar, como é possível que no ano 20 do Século XXI, passados já 46 anos após o 25 de Abril, as audiências televisivas neste país continuem ainda a ser ditadas por disputas, guerras e guerrinhas entre programas de Cristinas, de Gouchas, de Casas Felizes e Infelizes, de Big Brothers, de Namoros com Agricultores, de Casamentos Encomendados etc, etc , cada um deles pior que o outro? A única explicação para que toda esta mediocridade continue a deitar leis, só pode assentar no facto de ainda haver uma percentagem importante de portugueses com um nível educacional e cultural baixo, pois caso contrário todos aqueles programas teriam audiência ZERO. Chegamos a um ponto em que, quanto mais rasca for a qualidade de um programa, maior parece ser a sua audiência. Estamos a bater no fundo. PS 1 – Será que Sua Excelência o Presidente da República vai encontrar um buraco de tempo na sua ocupadíssima agenda, para voltar a telefonar a esta sua amiga e admirada a desejar-lhe felicidades e sucessos, estimulando assim os portugueses a consumirem programas televisivos daquele calibre? PS 2 – E será que Sua Excelência o Primeiro Ministro, sempre atento à oportunidade das boleias presidenciais, já garantiu que CF lhe repita o convite para apresentar uma outra receita que deleite os portugueses, cansados que estão de comer enlatados e takeawais? PS 3 – E já agora - cereja no topo do bolo – porque não combinam fazer coincidir no dia e na hora, o telefonema das felicidades e a apresentação da receita? Aqui deixo uma sugestão para esta época pré-eleitoral ou, alternativamente, que haja decoro e um pingo de vergonha.
José Luís Macedo