Um dos quatro vice-presidentes do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela demitiu-se
O vice-presidente do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), Rafael Simón Jiménez, renunciou hoje às funções por considerar aquele organismo "uma camisa de força" e para se dedicar à luta democrática e à reconstrução do país.
"Hoje apresentei a minha renúncia perante o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) (...) com a convicção de que posso ser mais útil à Venezuela na luta democrática, desde o espaço da política, na luta social", disse aos jornalistas na sede daquele órgão judicial.
Rafael Simón Jiménez, que também era presidente da Comissão de Política e de Financiamento do CNE, explicou que a sua presença naquele organismo "criou alguma dissonância" no que deveria ter sido o seu papel.
"Eu disse, desde o início, que me era impossível cumprir um papel discreto, tendo posições tão claras como as que tenho perante o processo político venezuelano e a luta por um câmbio político", disse.
Rafael Simón Jiménez disse ainda "assumir plenamente a sua condição de agente político, de democrata, de lutador, desde criança, pela igualdade, pelos direitos e agora pela reconstrução do país".
Por outro lado, ao diário Tal e Qual explicou que "a razão fundamental" para a sua renúncia, é ter sentido "que a polarização e a situação do país colidiam" com as suas posições muito claras".
"Isso me criou um problema. Tenho tido definições muito claras, tenho sido um militante democrático, apesar de estar sem um partido há muito tempo. E essas opiniões contrariam a posição equânime que se exige", disse.
Explicou ainda que continua a acreditar fervorosamente que a Venezuela não tem outro caminho além de "uma solução negociada, eleitoral, democrática e cívica" e que o voto pode ajudar a superar a atual crise no país.
Simon Jiménez adiantou que não tem propostas para aspirar a candidatar-se a deputado nas eleições legislativas previstas para 06 de dezembro.
No passado dia 12 de junho o STJ nomeou novas autoridades do CNE, uma semana depois de retirar os poderes da Assembleia Nacional para as eleger e depois de anunciar que assumiria o processo.
O novo CNE é presidido por Indira Alfonzo, vice-presidente do Supremo Tribunal, que foi sancionada pelo Canadá "em resposta às eleições presidenciais ilegítimas e antidemocráticas", em que Nicolas Maduro foi reeleito Presidente, em 2018.
Além de Rafael Simón Jiménez, que foi designado vice-presidente, a nova direção do organismo eleitoral venezuelano conta ainda três responsáveis principais, Tania D'Amelio, Gladys Maria Gutiérrrez e José Luís Gutiérrez Parra.
Em finais de junho e princípios de julho o STJ suspendeu a direção de três partidos da oposição, Primeiro Justiça (PJ), Ação Democrática (AD) e Vontade Popular (VP), ordenando que sejam reestruturados.
O STJ nomeou também um conselho de administração para os três partidos e suspendeu a expulsão dos seus militantes.
A decisão do STJ - considerado pela oposição como "o braço jurídico da ditadura" - foi classificada pelos opositores de Maduro como uma manobra de preparação "para uma nova farsa eleitoral", em que o regime decidirá quem preside os partidos para as eleições legislativas previstas para 06 de dezembro.