População inactiva aumentou para mais de 3,8 milhões no 2.º trimestre
A taxa de desemprego foi de 5,6% no segundo trimestre, abaixo do primeiro trimestre e do período homólogo, enquanto a população inativa aumentou para 3,8 milhões de pessoas, na maior variação desde 2011, segundo o INE.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), entre abril e junho, "a taxa de desemprego foi 5,6%, valor inferior em 1,1 pontos percentuais ao do trimestre anterior [6,7%] e em 0,7 pontos percentuais ao do trimestre homólogo de 2019 [6,3%]".
Já a população inativa (com 15 e mais anos) fixou-se 3.886,7 mil pessoas no segundo trimestre, mais 5,7% face ao trimestre anterior e 7,5% em relação ao mesmo período de 2019, referindo o INE que "nunca antes, na série de dados iniciada em 2011, se havia registado variações trimestrais e homólogas tão elevadas".
A taxa de inatividade das mulheres (48,2%) excedeu a dos homens (38,5%), ambas aumentando nas variações trimestral e homóloga.
O INE justifica com o "aumento da população inativa que, embora disponível, não procurou trabalho, estimada em 312,1 mil pessoas", um aumento de 87,6% em relação ao trimestre anterior (145,7 mil pessoas) e de 85,6% relativamente ao período homólogo (143,9 mil pessoas).
Ainda segundo o INE, este aumento da população inativa deve-se, em parte, por 41,8% dos desempregados no primeiro trimestre terem transitado para a situação de inatividade no segundo trimestre.
O INE explica ainda que é este fluxo (de desempregados que passam a inativos) que explica "fundamentalmente" a redução da taxa de desemprego no segundo trimestre, "movimento que poderá ser invertido pela maior facilidade de mobilidade e interação social, e consequente procura de emprego, como indicia o aumento da taxa de desemprego de junho já publicada [7%]".
Já quanto a horas trabalhadas, diz o INE que no segundo trimestre houve uma redução de 22,7% das horas trabalhadas face aos três meses anteriores e de 26,1% face ao trimestre homólogo, diminuições que são as maiores desde 2011.
A justificação na redução das horas trabalhadas está "no aumento da população empregada ausente do trabalho, que ascendeu a 1.078,2 mil pessoas (22,8% da população empregada), mais do dobro da observada no trimestre anterior e quase o quádruplo da existente no trimestre homólogo", refere o INE.
Cerca de 680 mil pessoas justificaram a queda das horas trabalhadas com redução ou falta de trabalho por motivos técnicos ou económicos da empresa, devido à suspensão temporária do contrato e ao regime de 'lay off'.
Ainda segundo os resultados do Inquérito ao Emprego, hoje divulgados, no segundo trimestre a população ativa estava estimada em cerca de cinco milhões de pessoas (5,009,6 mil), menos 3,9% (204,3 mil) em relação ao trimestre anterior e 4,5% (235,5 mil) face a trimestre homólogo, sendo este o valor "mais baixo da série iniciada em 2011".
Já a taxa de atividade da população em idade ativa (15 e mais anos) ficou em 56,3%, menos 2,3 pontos percentuais face ao trimestre anterior e 2,9 pontos percentuais face a trimestre homólogo de 2019. A taxa de atividade dos homens (61,5%) foi superior à das mulheres (51,8%).
Já a população empregada era de 4,7 milhões de pessoas no segundo trimestre (4.731,2 mil pessoas), menos 2,8% (134,7 mil) em relação ao trimestre anterior, uma tendência contrária "ao que ocorreu nos restantes segundos trimestres desde 2011" (em que havia aumento da população empregada no segundo trimestre).
Em relação ao mesmo trimestre de 2019, a população empregada diminuiu 3,8% (185,5 mil), devido à queda do emprego, o que diz o INE contraria os aumentos homólogos da população empregada que vinham sendo registados desde 2014.
Quanto à população desempregada, era de 278,4 mil pessoas no segundo trimestre, menos 20,0% (69,7 mil) em relação ao trimestre anterior e 15,2% (50,1 mil) face ao trimestre homólogo.
Ainda segundo dados do INE, do primeiro para o segundo trimestre, 86,8 mil pessoas transitaram do emprego para o desemprego e 264,6 mil passaram do emprego para a inatividade (pessoas com 15 e mais anos).
"Assim, o total de pessoas que deixaram de estar empregadas, no espaço de um trimestre, foi 351,4 mil", segundo se lê na nota estatística.
Já as entradas no emprego provenientes do desemprego foram estimadas em 64,3 mil pessoas e as pessoas que entraram no emprego vindas da inatividade foram 152,4 mil, pelo que o total de pessoas que transitaram para o emprego no segundo trimestre foi de 216,8 mil.
Assim, entre o primeiro e segundo trimestre, houve um fluxo líquido negativo do emprego (total de entradas menos total de saídas) de 134,7 mil pessoas.
Por fim, quanto à subutilização do trabalho, no segundo trimestre, esta abrangeu 748,7 mil pessoas (mais 7,8% face ao trimestre anterior e 10,7% em relação ao trimestre homólogo), sendo a taxa de subutilização do trabalho de 14,0%.
A subutilização do trabalho agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego.