As modalidades do Marítimo
Nunca usei este meio que o Diário de Notícias dá e muito bem aos seus leitores, mas não consigo mais calar a minha revolta como o clube que eu gosto desde pequenino trata as modalidades amadoras. Fiz parte da secção de atletismo, não fui uma estrela mas contribuí para os excelentes resultados obtidos como equipa no tempo do sr. Dinis. Este ano verifico que a Madeira tem cinco equipas na I Divisão e nenhuma é o Marítimo. Estão lá o Jardim da Serra, o Estreito, o Água de Pena. Todos maiores que o Marítimo. Gosto muito de futebol, sou sócio, vou ao estádio, mas como nessa modalidade os madeirenses não chegam longe, é através das outras modalidades que também se aprende a gostar do clube. Mas o atletismo passa despercebido, a natação penso que até nem existe. Duas modalidades de referência olímpica e nas quais o Marítimo já foi grande. Até na natação que eu bem me lembro quando a secção foi roubada pelo Naval mas o Marítimo nunca desistiu, manteve-se e com sucesso. Agora nada. Dizem que no Marítimo é só uma pessoa que manda pois deve ter sido essa pessoa que foi fazendo com que o atletismo e a natação deixassem de ser referência com as cores do Marítimo junto da juventude madeirense.
Acredito que é isso que acontece pois vivi um caso bem recente e que também é significativo. Tenho um sobrinho que pratica pingue-pongue e quando o Marítimo abriu a secção fiz-lhe ver que agora já podia praticar o que gostava com as cores do seu clube. Durante cinco anos lá esteve ele muito orgulhoso com uma família que se foi formando e já passava da meia centena de atletas liderada pelo professor Ricardo. Professor Ricardo que foi quem formou o campeoníssimo Marcos Freitas mas que é de uma humildade tremenda. Ele e os atletas é que limpavam e arrumavam o espaço que o clube cedia por baixo do estádio. Não se importavam de ser empregados de limpeza e faziam tudo em prol do Marítimo. Sei do que falo pois por vezes assistia à parte final dos treinos do meu sobrinho. A secção começava a ganhar notoriedade mas dizem que o presidente não aceitou uma melhoria de condições e nem pagou tudo ao professor Ricardo que não podendo resistir mais optou por outro clube. Perde o Marítimo outra vez um bom trabalho e temo que perca também mais de meia centena de adeptos ou pelo menos os deixe entristecidos como o meu sobrinho está e sem vontade de vestir a camisola do glorioso.
Entretanto vejo nos jornais que o Marítimo aposta nas motas de água. É este o rumo que queremos para o nosso Marítimo? Com pouco atletismo, sem natação e sem saber como será o ténis de mesa mas com motas de água. Será porque estas dão medalhas ao presidente? Sem modalidades de referência mas com três atletas nas motas de água? Não é este o meu Marítimo que me habituei desde pequeno e já lá vão muitos anos.
J. Paulo P. Freitas