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A importância de não cometer erros

Importa, neste momento de superação dos efeitos do coronavirus, planear de forma adequada o relançamento da nossa economia

Vivemos tempos de grandes incertezas e de uma enorme complexidade, tempos diferentes que nos desafiam e que exigem dos líderes políticos responsabilidade, audácia e competência. É fundamental transmitir confiança e segurança a toda a população, e isso alcança-se com firmeza nas decisões e assertividade na comunicação.

A principal responsabilidade de qualquer governo deve ser a de assegurar a saúde e a protecção da população e, por isso, o PS Madeira sempre apoiou as medidas de prevenção e de combate à pandemia. Neste âmbito, não poderíamos estar mais de acordo de que o uso de máscaras pela comunidade reduz o risco de contaminação, e a generalidade dos madeirenses tem tido, nesse aspecto, um comportamento cívico exemplar. Significa isto que não podemos entrar numa batalha sobre o uso ou não das máscaras. Essa não é a questão! Elas são essenciais no combate à covid-19.

O problema é a forma atabalhoada como se tomam as decisões e a forma desastrosa como as mesmas são comunicadas. As medidas não podem ser avulsas, extemporâneas e desproporcionais. A resolução do Governo Regional que prevê o uso obrigatório da máscara na via pública, desde o momento em que foi anunciada até à sua publicação, sofreu diversas alterações, provocou apreensão com o cancelamento de reservas de turistas e colocou, novamente, madeirenses contra madeirenses. Tudo evitável. Bastaria uma recomendação e estou certo que as pessoas compreenderiam e acatariam, e não passaríamos uma mensagem com repercussões, ainda incalculáveis, para os mercadores emissores de turismo. Não podemos cometer erros que ponham em causa a retoma do turismo. Mas esta desorientação política, a par da incoerência nas decisões, tem sido uma marca deste governo. Estamos ainda todos lembrados da ordem para escorraçar os turistas dos autocarros da Horários do Funchal, os mesmos que agora queremos que venham, apesar de prorrogarmos a situação de calamidade por mais um mês, no destino que dizem ser um dos mais seguros do mundo.

Há, ainda, a dúvida da legalidade da resolução do conselho de governo que originou toda esta confusão, mas nada de estranho num presidente que gosta de usar o poder como quer, “quer queiram, quer não” e depois “logo se vê”, mesmo que isso tenha consequências na retoma do turismo e na salvaguarda de empregos. A pandemia não pode servir de justificação para tudo, muito menos para o governo actuar fora da lei, fora das suas competências e para aproveitar-se do medo das pessoas para subverter ou suspender a democracia, num uso abusivo do poder que se vai instalando de forma descarada.

Temos de nos focar no que é importante e a situação é difícil, mas não estamos condenados a falências e desemprego, a pobreza, desigualdade e exclusão. Temos de dar a volta. Temos de deixar de improvisar e actuar casuisticamente, como sempre faz este Governo Regional, sabendo que a estratégia, utilizada durante mais de 43 anos, não é suficiente para vencer a batalha mais difícil das nossas vidas.

Já cansa a telenovelização da política protagonizada pelo PSD, num enredo que todos já conhecemos e cujo culpado é sempre o Governo da República, e em que pelo meio, o presidente do governo e alguns secretários, insultam na Assembleia o PS, os seus deputados e a oposição em geral. Quando não se tem ideias para o futuro da Região, infelizmente, resvala-se para o teatro da baixa política, o que começa a ser um hábito neste executivo.

Sempre afirmei que ao Governo Regional deviam ser dados os meios para combater os efeitos desta pandemia, implicando o dever de solidariedade por parte do Governo da República, como viria a acontecer. Miguel Albuquerque e Pedro Calado pediram o endividamento em 300 milhões de euros e tiveram autorização para um financiamento de quase 500 milhões. Queriam a moratória das tranches do PAEF e tal foi conseguido no Orçamento Suplementar, votado contra pelos deputados do PSD Madeira na Assembleia da República, e não foi preciso enviarem fragatas para obrigar a Madeira a pagar a primeira tranche no dia 27 de Julho. Tudo se conseguiu, mas a gritaria foi mais que muita, num “disco riscado” e que toca sempre a mesma música, e cuja letra, a da Autonomia, é usada com fins unicamente partidários e eleitoralistas.

Importa, neste momento de superação dos efeitos do coronavirus, planear de forma adequada o relançamento da nossa economia e aplicar bem as verbas que a Região terá disponível. Construamos um novo ciclo de desenvolvimento sustentando numa economia que permita a reconstrução de uma sociedade mais justa, promotora da igualdade de oportunidades, da mobilidade social e de uma distribuição equitativa de rendimentos. Implementemos um plano que ambicione a criação sustentável de emprego, que vise e ambicione a qualificação da nossa população, que aposte na inovação e na tecnologia, e em políticas e projetos que tenham sempre em conta a sustentabilidade ambiental e social. É por aqui que devemos ir, por uma Madeira com futuro.

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