Polícia realiza operação maior grupo criminoso do Brasil
A Polícia Federal brasileira realizou hoje uma grande operação em 20 dos 27 estados do país contra o núcleo financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC), maior organização criminosa do país e que tem ramificações no Paraguai.
Segundo as autoridades, 1.100 agentes federais participaram na operação, que conta com o apoio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado, formada por investigadores de diferentes organizações e que vinham seguindo o rasto de um gigantesco esquema de branqueamento de dinheiro do narcotráfico.
Os agentes da polícia cumpriram 422 mandados de prisão e 201 mandados de busca e apreensão emitidos pela Justiça de Minas Gerais, que também determinou o bloqueio de contas bancárias de supostos testas-de-ferro no valor de 252 milhões de reais (cerca de 38,5 milhões de euros).
A operação, baptizada com o nome de 'Caixa forte', detectou que pelo menos 210 membros de alta posição na hierarquia da organização criminosa PCC, surgida na década de 1990 dentro dos presídios do estado de São Paulo, recebiam valores mensais mesmo estando presos por terem ocupado cargos de relevo ou executado missões determinadas pelos líderes como, por exemplo, execuções de pessoas.
Num comunicado divulgado aos 'media', a polícia brasileira destacou que os dados obtidos numa investigação preliminar mostraram os responsáveis pelo chamado 'Sector do Progresso' da facção, que se dedica a actividades de branqueamento de capitais.
As informações obtidas também revelaram que os valores auferidos com o comércio ilícito de drogas eram, em parte, canalizados para inúmeras outras contas bancárias da facção, inclusive para as contas do 'Sector da Ajuda', responsável por recompensar familiares de membros do grupo criminoso que estão presos.
"Para garantir o recebimento do 'auxílio', os integrantes do grupo indicavam contas de terceiros não pertencentes ao PCC para que os valores, oriundos de actividades criminosas, ficassem ocultos e supostamente fora do alcance do sistema de justiça criminal", diz o comunicado.
"A actuação da Polícia Federal visa desarticular a organização criminosa através da sua descapitalização, actuando em conformidade com as directrizes do órgão de combate à criminalidade organizada por meio da abordagem patrimonial, além da prisão de lideranças", acrescentou.
Algumas das ordens de prisão foram expedidas contra membros da organização que já estão presos e agora devem responder pelo crime de branqueamento de capitais com penas que, associadas ao tráfico de droga, podem chegar até 28 anos.
Segundo as autoridades brasileiras, esta é a maior operação da corporação em número de estados, mandados e valores apreendidos.
Só num local, na cidade brasileira de Santos, no litoral de São Paulo, os polícias encontraram dois milhões de reais (310 mil euros) e 730 mil dólares (611,2 mil euros) em dinheiro.