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'Toy Story' foi "sonho louco" que criou personagens intemporais

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A durabilidade da influência de "Toy Story", que celebra 25 anos desde o seu lançamento original, deve-se à riqueza e intemporalidade dos personagens, disse à Lusa a arquivista principal da Pixar, Christine Freeman.

"Estas personagens foram criadas a partir de observações da vida real, do mundo em que os criadores viviam, do mundo em que os seus filhos viviam e dos brinquedos com que brincaram", afirmou a responsável, que lidera o departamento de arquivos de toda a história da Pixar.

"Há qualquer coisa em 'Toy Story' com que as pessoas se identificam", considerou, caracterizando os protagonistas como "intemporais". "As suas histórias são tão interessantes e identificáveis, há um personagem para todos".

Para assinalar o lançamento do seu primeiro filme, "Toy Story: Os Rivais", em 1995, a empresa lançou o Pixar Fest, com celebrações virtuais e especiais de programação em agosto e setembro. Em Portugal, os filmes Pixar vão estar disponíveis a 15 de setembro, dia em que o serviço de 'streaming' Disney+ chega ao país.

Freeman, que entrou na Pixar em 2000 quando esta tinha produzido apenas três filmes ("Toy Story: Os Rivais", "Uma Vida de Insecto" e "Toy Story 2: Em Busca de Woody"), disse que a cultura da empresa era distinta e que ao longo dos anos foi capaz de se reinventar.

"A empresa começou como parte da divisão de computadores da LucasFilm, fundada por Edwin Catmull. Em 1986 houve um 'spin-off' da divisão gráfica e foi isso que Steve Jobs comprou", descreveu. "Eles tinham o sonho louco de fazerem um filme com a tecnologia inovadora que estavam a desenvolver e "Toy Story" foi a prova disso, acompanhado de uma incrível narrativa, arte, tecnologia e realização".

Como arquivista principal, o seu trabalho é recolher e preservar os elementos dos processos de criação dos filmes da Pixar, assim como a história do próprio estúdio, que pertence à Disney desde 2006.

Nos 1.700 metros quadrados dos arquivos, Freeman estima que estejam catalogados vários milhões de itens, como notas de reunião e os objetos físicos que inspiraram os artistas.

"Colecionamos tudo, desde desenhos originais a esculturas e os itens tangíveis que se tornam icónicos", explicou. "Por exemplo, temos no arquivo o par de sapatos que foi usado como referência para o calçado de Carl em 'Up -- Altamente'".

A equipa, de sete pessoas, mantém bases de dados extensas que permitem a pesquisa e localização dos itens, que podem ser usados para fins diversos. Christine Freeman explicou que estes arquivos são críticos para os artistas envolvidos em sequelas dos filmes da Pixar.

"O 'Toy Story 4' foi buscar toda a arte original do 'Toy Story', para que pudessem mergulhar nas ideias originais de Bo-Peep", afirmou Freeman, referindo-se à personagem que a audiência conhece como Betty. "Usaram tudo, desde amostras de tecido a descrições de texturas e diferentes conceitos de artes relacionados com ela", acrescentou.

Ao longo do tempo, os arquivos também contribuíram para diversões em parques temáticos, factos engraçados para jogos e verificação de factos em manuscritos que chegam à Pixar. "As pessoas estão cada vez mais interessadas não apenas na história das nossas produções, mas também na história da própria Pixar", referiu Freeman.

A arquivista, cujo filme preferido da Pixar é "Monstros e Companhia", trabalhou de perto com a realizadora do documentário "The Pixar Story", Leslie Iwerks, e com a autora do livro "To Infinity and Beyond!: The Story of Pixar", Karen Paik.

"Mudaram a minha vida", disse Freeman sobre estes trabalhos. "Para mim, todo esse processo ajudou a ver a Pixar pelos olhos de outras pessoas e a perceber que havia outro aspeto da recolha em que podíamos pensar".

Vinte anos depois de entrar na empresa, a arquivista considera que esta tem conseguido adaptar-se sem perder o espírito: "Fazemos tudo o que podemos para manter as melhores partes da cultura Pixar".

"O que gosto na Pixar é a sua capacidade de se reinventar", continuou. "As coisas que são importantes na realização de filmes, a observação, o desejo de satisfazer as expectativas das audiências, de encontrar essa qualidade de histórias em que tudo contribui para a satisfação final ao ver um filme, é isso que devemos manter".

Começando com "Toy Story: Os Rivais" em 1995, a Pixar já realizou um total de 23 filmes e 21 curtas-metragens e recebeu 16 óscares nas categorias de competição. "Toy Story 4" foi o quinto filme mais visto em Portugal em 2019, de acordo com o Instituto do Cinema e do Audiovisual.

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