Superar as fragilidades
Para responder aos novos desafios é necessário continuar a aprofundar o diálogo social
A crise provocada pelo surto pandémico do coronavírus evidenciou inúmeras fragilidades a diferentes níveis nos vários países, provocando transformações económicas, sanitárias e sociais ainda longe de mensurar na sua amplitude e nos seus efeitos. Depois da segunda guerra mundial a Europa está a atravessar uma das mais profundas recessões, obrigando os vários países a tomar medidas que expõem claramente as divergências e as dificuldades de coordenação e resposta que a situação exige.
Num momento em que os indicadores económicos apresentados, particularmente o PIB nacional e Europeu, mostram o maior declínio das últimas décadas e tendo em consideração a experiência e o conhecimento atual sobre o vírus, pelo menos enquanto não existir vacina, a resposta passa por seguir as orientações das autoridades de saúde adotando comportamentos e medidas de proteção individual e coletiva para nos protegermos e evitar a propagação do vírus.
A dimensão humana desta pandemia exige respostas globais e coordenadas focadas nos mais vulneráveis, com o objetivo de mitigar os efeitos do confinamento nas pessoas e na economia, preservar os empregos e os rendimentos de forma a evitar prejuízos irreversíveis, nomeadamente no setor económico que poderá originar aumento da pobreza e agravamento da instabilidade social.
Para combater a atual crise várias iniciativas estão em curso, e é neste contexto que se enquadra a mais recente reunião dos lideres europeus para discutir e aprovar um fundo de recuperação Europeu, assim como a apresentação nacional do designado documento Costa e Silva com sendo uma visão estratégica para o plano de recuperação económica do Portugal 2020-2030. É fundamental que estas iniciativas não sejam mais uma oportunidade perdida na ajuda que o país precisa para investir num processo de transição e desenvolvimento para uma economia verde e digital que permita criar emprego de qualidade, estimulando a produtividade e a procura interna, num processo que privilegie a negociação coletiva e aposte firmemente nos serviços públicos.
É neste panorama de desigualdade e incerteza, agravado pela crise pandémica que a OIT realizou no inicio do mês julho a sua cimeira mundial onde reuniu representantes dos trabalhadores, governos e empregadores para em conjunto, e em dialogo tripartido analisar os efeitos da COVID19, de forma a definir a estratégia e os mecanismos necessários para projetar para o período pós pandémico um futuro melhor para a área laboral.
O mundo do trabalho está perante profundas alterações que se precipitaram no decorrer do período pandémico em que nos encontramos. Para responder aos novos desafios é necessário continuar a aprofundar o diálogo social com todos os intervenientes de forma a contribuir para que o mundo do trabalho se adapte às transformações em curso e se consolide de forma sustentada a recuperação dos rendimentos, o emprego digno e estável.