Chico espertos em tempo de Covid
Sejamos honestos, muita da actualidade está contaminada pela cópia barata. Pelo facilitismo, pela forma fácil como alguns dos nossos lideres, usam e abusam de conceitos e ideias dos outros para fins próprios. Criam estigmas e tudo serve para quem não tem substancia e procura o caminho fácil da usurpação da criatividade dos outros.
É frustrante passar a vida a desenvolver mecânicas inovadoras, tentar colocar ideias originais na prática e tentar ser diferenciador para apresentar novas oportunidades ao mercado e de repente levarmos com uns “chicos espertos” que sentados de gabinete pouco se interessam para quem concebeu, basta um pouco de make up para fazerem o mesmo conteúdo com uma silaba a mais na “barraca” ao lado. Entendo que há quem não valorize a criatividade, há até quem não a perceba e por isso ache que há sempre alguém a copiar outro alguém e que as ideias nasceram de um buraco sem nome ou identidade. Também os há em constante negação que acreditam piamente que a ideia nasceu da sua cabeça quando se vê perfeitamente que é copia de outros projectos, alguns até apresentados publicamente, mas o desespero é tão grande que acabam acreditando na própria mentira.
É por isso exasperante quando vemos tudo aquilo que nos deu tanto trabalho a criar ser rapidamente vilipendiado sem dó nem piedade transformando aquilo que seria um produto inovador em algo corriqueiro e depreciativo. Às vezes são processos de anos que exigem muitas alterações e aperfeiçoamento, que implicam esforço mas também dinheiro investido até chegar ao ponto de serem lançados. A verdade é que nem sequer são só os privados a fazê-lo. Muitas vezes são as próprias instituições públicas que sem qualquer tipo de pejo ou vergonha usam projectos que lhes são apresentados, lavam-lhes a cara que é como quem diz alteram um ou outro pormenor e apresentam ao público com pompa e circunstância como se tivesse sido por obra e arte dos próprios. Conheço dezenas de colegas na mesma situação, o que me faz pensar que será uma doença crónica da nossa sociedade.
Quando nivelamos por baixo, recebemos de volta o que oferecemos, e se oferecemos “borla” e cópias, recebemos o público que merecemos.
É fundamental por isso criar mecanismos que protejam quem se dá ao “trabalho” de inovar, de criar de apresentar novas ideias e projectos. Patentear e salvaguardar direitos. Senão não compensa e a sociedade adormecerá em mais um mar de monotonia, porque em tempo de crise os chico espertos crescem “como bananas” nesta ilha abençoada, e sem criativos os chico espertos ainda se tornam numa espécie que se reproduz rapidamente, pois ao não poderem copiar percebem o vazio a que pertencem, mas como era suposto liderarem-nos para um futuro melhor, caminham antes para a estagnação deixando as suas reproduções de discípulos mal preparadas e a ameaçarem as gerações futuras.