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Talhados um para o outro

André Ventura, um papagaio de bico afiado e penacho brilhantes, saltou do galho da bola para o galho da política

O poder político e o poder económico são dois itens sociais indissociáveis e nem o covid-19, consegue separa-los, a bem dos intrínsecos valores morais. Eles cantam, bailam, fazem contorcionismos, dão tristes espetáculos, fazem figuras ridículas mas, no fundo, o que interessa é ter muito poder que lhes abre portas ao dinheiro. As pessoas tardam em perceber que o verdadeiro “partido” é o económico que, apesar de ninguém votar neles, está cada vez mais forte. Todos correm para um lugar ao sol, porém, quem lá chega são os políticos multifacetados e de palavra fácil.

André Ventura, um papagaio de bico afiado e penacho brilhantes, saltou do galho da bola para o galho da política porque percebeu que o povo gosta do seu papaguear e adotou aquela máxima popular “não importa que digam bem ou mal, o que interessa é que falem de mim” Na verdade tem conseguido tal desiderato. Ele percebeu(alguns é que não) que, financeiramente, a política é mais rentável, vai daí pegou numa sigla (Chega) até então desconhecida e copiou o modelo de extrema direita de Trump, Bolsonaro, La Pen e outros extremistas porque sabe que a população está farta do atual modelo de governação e anseia mudanças que acabam por nunca surtir efeito uma vez que a política está cheio de papagaios coloridos que ganham popularidade quando dizem exatamente, aquilo que o povo quer ouvir, depois, vai-se a ver e nada.

Lembram-se de Marinho Pinto que papagueava muito bem, foi um dos fundadores do PDR, passou por eurodeputado e até apregoou que os deputados europeus ganhavam muito? Onde está ele agora? Foi apenas mais um fogacho que brilhou enquanto os media lhe deram cobertura. Pergunta-se: O que fez ele, os andrés e outros aventureiros da política, pelo seu país além de uma fugaz tentativa para conquistar um lugar ao sol? São ondas, senhor, são ondas, como dizia a rainha Santa Isabel (trocando as ondas pelas rosas. São ondas da política que agitam as hostes populares mas após a “tempestade” a onda amaina e o mar volta a ficar calmo, com os mesmos peixes, a mesma poluição e os mesmos tubarões predadores que se alimentam da arraia miúda.

Ventura papagueia tão bem que até convenceu Miguel Albuquerque a mostrar a sua verdadeira ideologia, extrema direita, ou seja, a doutrina que o dr.Jardim implantou no psd local e que prevalecerá pela vida fora enquanto houver “laranjal. Tal foi o deslumbramento de Albuquerque que não se coibiu de dar um chega-p’ra-lá no seu atual parceiro de coligação, o CDS, que, embora furibundo ainda disparou, timidamente, um tiro de pólvora seca para a praça pública mas acabou por engolir o sapo para não perder as mordomias das cadeiras do Governo, porém, ainda não perceberam que estão a prazo e a ser cozinhados em lume brando e quando forem descartáveis sujeitam-se à extinção. Na verdade, Albuquerque não olha a meios para conseguir uma maioria confortável na ALM e pouco se importa com quem faz alianças desde que lhe permita assegurar a Quinta Vigia seja a que preço for. É caso para dizer que Ventura e Albuquerque estão mesmo talhados um para o outro. É esta sede interminável de poder que o líder do psd-m já não consegue esconder. Mas o André, outro oportunista, dá-lhe uma sonora “estalada” de luva branca e aproveita para cimentar, publicamente, a sua posição de extremista porque sabe que isso está numa onda de dar votos e responde a Albuquerque que não faz alianças com partidos da área social democrata e ainda por cima da-lhe o “KO” final ao convida-lo para apoiar a sua candidatura à presidência da República. Como diria Fernando Pessa “e esta hein” Por sua vez o dr. Jardim aproveita a deixa, deita mais achas para a fogueira e empurra Albuquerque para o fogo. A típica “vingança do chinês!

É destes jogos que vivem certos políticos populistas, sem valores morais, que se aproveitam da boa fé e da ingenuidade do povo para ganharem poleiro. Mas uma coisa é certa, se o povo julga que são estes papagaios que nos vão tirar deste atoleiro social em que nos encontramos, então não aprenderam nada nestes 46 anos de vivência democrática. Reparem que são sempre os interesses partidários e financeiros a falar mais alto quando o PCP, contra toda a lógica imposta pelo Covid-19, prepara-se para levar a efeito a festa do Avante mandando às urtigas as recomendações da DGS e faz tábua rasa da opinião publica. É o auge da degradação política submissa aos interesses económicos e partidários.

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