Investigação revela que políticos brasileiros tiveram prioridade em testes
Uma investigação a supostas irregularidades na compra de testes para deteção da covid-19 no Brasil apontou que determinadas pessoas, inclusive políticos, tiveram prioridade na realização desses exames no Distrito Federal, que inclui a capital, Brasília.
Segundo o portal de notícias G1, em causa está uma alegada "lista VIP" (expressão inglesa de 'Very Important Person', cuja tradução literal para português é "pessoa muito importante"), em que mais de 170 pessoas terão sido beneficiadas. O secretário de saúde do Distrito Federal foi detido na terça-feira no âmbito desta investigação, denominada Operação Falso Negativo. De acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o secretário Francisco Araújo, que se encontra detido preventivamente, é suspeito de participar num esquema de alegado desvio de 30 milhões de reais (4,5 milhões de euros no câmbio atual) em contratos para aquisição de testes clínicos destinados à deteção do novo coronavírus.
Conversas obtidas pelo MPDFT indicam ainda que Araújo exigiu agilidade ao diretor do Laboratório Central do Distrito Federal, Jorge Chamon Júnior (também detido na operação), nos resultados dos exames do ex-senador Luiz Estevão e do ex-governador José Roberto Arruda.
Os diálogos que comprovam as supostas ilegalidades foram obtidos após a apreensão dos telemóveis dos investigados, na primeira fase da operação, em 02 de julho. O processo decorre em segredo de justiça, mas os media locais destacam que, além da alegada sobrevalorização dos contratos, as autoridades também investigam a baixa qualidade dos testes adquiridos, que podem dar falso resultado negativo. Os investigados nesta operação são suspeitos de cometerem crimes como fraude em licitação, organização criminosa, corrupção, branqueamento de capitais e cartel.
O Brasil totaliza 116.580 óbitos e 3.669.995 casos confirmados de covid-19 desde o início da pandemia, registada oficialmente no país em 26 de fevereiro, sendo o segundo país mais atingido pela doença no mundo, apenas atrás dos Estados Unidos da América.