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Comissário europeu demite-se por ter participado num jantar com 80 pessoas

FOTO OLIVIER HOSLET/EPA
FOTO OLIVIER HOSLET/EPA

O comissário europeu do Comércio, o irlandês Phil Hogan, apresentou hoje a sua demissão do cargo após ter violado regras de contenção contra a Covid-19, ao ter participado num jantar na Irlanda com mais de 80 pessoas.

"Esta noite apresentei a minha demissão como comissário europeu para o Comércio à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen", anunciou Phil Hogan numa declaração oficial divulgada pelo executivo comunitário. "Estava a tornar-se cada vez mais claro que a controvérsia relativa à minha recente visita à Irlanda estava a ser uma distração do meu trabalho como comissário europeu e iria afectar o meu papel nos importantes meses que se seguiriam", acrescentou o responsável irlandês.

Caso a demissão seja aceite pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esta será a primeira 'baixa' no colégio de comissários que entrou em funções no final do ano passado, e vem no seguimento do caso designado como 'Golfgate', um polémico jantar organizado por um clube de golfe irlandês que juntou mais pessoas do que as permitidas pelas autoridades irlandesas para ajuntamentos em altura de pandemia.

O irlandês Phil Hogan visitou o seu país entre 31 de Julho e 21 de Agosto e, na quarta-feira da semana passada, participou num jantar de comemoração dos 50 anos do clube de golfe do parlamento irlandês, com 82 convidados, entre os quais o então ministro da Agricultura, Dara Calleary, que se demitiu do cargo na sexta-feira.

Na terça-feira, Phil Hogan, de 60 anos, tinha admitido, numa entrevista a um canal irlandês, que a sua presença neste jantar na Irlanda sem cumprimento das restrições contra a pandemia de Covid-19 foi um "erro" que o enfraqueceu em Bruxelas. Isso mesmo foi reiterado na declaração divulgada esta noite, na qual Phil Hogan disse "lamentar profundamente" que a viagem à Irlanda "tenha causado tanta preocupação, inquietação e perturbação".

Relativamente às regras de contenção contra a covid-19, Phil Hogan assegurou que "sempre tentou cumprir todas" as medidas definidas pelas autoridades de saúde, destacando nomeadamente "ter entendido" que, por ter testado negativo, não estaria obrigado a ficar em quarentena no regresso a Bruxelas. "Reitero as minhas sinceras desculpas ao povo irlandês pelos erros que cometi durante a minha visita", frisou.

Reconhecendo o "impacto devastador da covid-19" a nível mundial, Phil Hogan afirmou ainda compreender "perfeitamente o sentimento de dor e raiva [das pessoas] quando sentem que aqueles que prestam serviço público não cumprem os padrões que são esperados". "Como representante público, deveria ter sido mais rigoroso no cumprimento das medidas", reforçou.

Com uma carreira política de cerca de 40 anos, Phil Hogan ocupou o cargo de ministro do Ambiente da Irlanda entre 2011 e 2014 e, antes, foi eleito para o Parlamento irlandês de 1987 a 2014. Mais recentemente, e antes de assumir a pasta do Comércio, foi comissário europeu da Agricultura no anterior colégio liderado por Jean-Claude Juncker.

Pressionado internamente na Irlanda para apresentar a sua demissão -- pelo primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, e pelo vice-primeiro-ministro, Leo Varadkar --, Phil Hogan esteve no centro de mais polémicas por ter sido apanhado ao telefone pela polícia enquanto conduzia, dois dias antes do jantar. Esta manhã, uma porta-voz da presidente da Comissão Europeia tinha indicado que Ursula von der Leyen estava a "avaliar cuidadosamente" o futuro do comissário europeu do Comércio, após ter recebido na noite anterior um relatório completo de Phil Hogan sobre os acontecimentos.

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