Irão saúda discussões "construtivas" com Agência Internacional de Energia Atómica
O diretor da Organização de Energia Atómica iraniana congratulou-se com conversações "construtivas" com o diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), num contexto de tensão ligada à tentativa norte-americana de reimpor as sanções da ONU.
o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, está no Irão, na sua primeira visita ao país desde que assumiu o cargo em 2019.
A visita ocorre mais de dois anos depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter retirado os Estados Unidos do histórico acordo internacional para travar o programa nacional iraniano em troca do levantamento de sanções à República Islâmica.
Grossi encontrou-se pela primeira vez com o diretor da Organização de Energia Atómica do Irão, Ali Akbar Salehi, e deve reunir-se ainda hoje com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif.
"Abriu-se um novo capítulo com esta visita", declarou Salehi após o encontro com Grossi, citado pela agência noticiosa estatal IRNA.
"As discussões de hoje foram construtivas", sublinhou.
"Foi decidido que a agência prosseguirá o seu trabalho de modo profissional e independente e que o Irão também agirá no quadro dos seus compromissos", adiantou.
Numa declaração antes do encontro, o organismo iraniano declarou que Teerão espera que a AIEA "mantenha a sua neutralidade em qualquer situação e se abstenha de participar nos jogos políticos internacionais".
O conselho de governadores da agência das Nações Unidas aprovou no final de junho uma resolução proposta por Estados europeus, pedindo a Teerão para permitir aos inspetores acesso a dois locais com o objetivo de clarificar se lá tinham decorrido atividades nucleares não declaradas no início dos anos 2000.
Segundo o porta-voz da agência iraniana, um dos locais localiza-se no centro do Irão, entre as províncias de Ispahan e de Yazd e o outro próximo de Teerão.
O responsável deu a entender na segunda-feira à televisão iraniana Al-Alam que o acesso poderia ser concedido.
"Para impedir os inimigos de explorarem a situação, procuramos maneiras de dissipar preocupações e de dizer que há acesso, para verem que não há lá nada", declarou Behruz Kamalvandi.
"Mas esta questão deve ficar resolvida de uma vez por todas, o que significa que eles não podem exigir depois fazer inspeções do mesmo modo", adiantou.
O acesso aos dois locais está bloqueado há meses, o que causou um conflito diplomático. O Irão diz que os pedidos de acesso da AIEA se baseiam em alegações do seu inimigo Israel e que não têm qualquer fundamento jurídico.
A visita de Grossi ocorre num contexto de tensão crescente entre os Estados Unidos e os seus aliados europeus devido à tentativa de Washington de manter um embargo à de armas ao Irão e de reimpor as sanções da ONU, bem como pouco antes da reunião, a 1 de setembro, da comissão conjunta sobre o acordo nuclear de 2015 entre o Irão e as grandes potências.