Querem-nos comer por tontos
‘Querem-nos. comer por tontos’ é uma frase do povo que, como tudo o que é genuíno, contém uma daquelas verdades que teimam em repetir-se. De vez em quando, lá surgem uns tipos que se julgam mais espertos do que toda a gente e que julgam ser ainda possível comer o povo por tonto. A situação agudiza-se quando se aproximam eleições e assume contornos caricatos, não fosse o lamentável de reduzir a sabedoria da população a uns mal disfarçados truques que visam fazer esquecer o passado e reescrever a história. Mas, na verdade, e graças a Deus, só vai em estórias quem quer, e a povo já não vai em estórias, principalmente as mal contadas e as de argumento pobre.
Para tornar mais claro o que digo, foco-me no caso de Santa Cruz. Primeiro porque me é próximo, e segundo porque me cabe a mim defender o meu concelho e, eventualmente, esclarecer os mais distraídos.
Muitos não gostam que se recorde, mas todos sabem que recebemos este concelho falido e com credores à porta em 2013. De então para cá, e em apenas sete anos, a dívida diminuiu, pagamos a tempo e horas. Tudo isto conseguimos sem deixar de responder aos anseios da população. Lançamos um programa social abrangente como Santa Cruz nunca teve, nunca páramos de investir, embora enfrentando muitas dificuldades. Sobretudo nunca deixamos de estar presentes quando a população precisou de nós, como aconteceu agora com a pandemia da COVID-19.
Recentemente, a par com a ajuda alimentar que estamos a proporcionar a mais de 700 famílias, e que obrigou a que reajustássemos prioridades e planos, lançamos empreitadas no valor de 5,9 milhões de euros. Algumas destas empreitadas já estão em execução e outras estão em fase lançamento. Os investimentos vão beneficiar estradas, requalificar centros urbanos, renovar a frota de recolha de resíduos sólidos e permitir que se dê continuidade à aposta que temos vindo a fazer no combate às perdas de água e eficiência energética. Além disso, fomos o primeiro município do país a equiparar, em termos remuneratórios, e na íntegra, os nossos bombeiros a Sapadores, por reconhecermos a importância destes homens na defesa e segurança da população.
Perante isto, os nossos opositores, que, recorde-se, são os mesmos que levaram este município à falência e cuja dívida ainda estamos todos a pagar, enchem os jornais e as redes sociais com reivindicações e acusações de que só estamos a fazer trabalho agora e que tudo isto já deveria ter sido feito mais cedo.
Quem assim reage, ignora o trabalho que tem sido feito durante os últimos sete anos, com dezenas de empreitadas em todas as freguesias, com mais de um milhar de bolsas de estudos aos nossos estudantes, com acesso gratuito aos medicamentos, com recuperação de habitações, com a entrega de manuais escolares, com melhorias nas nossas escolas do primeiro ciclo em termos de equipamentos e de infraestruturas, com ajuda às pequenas cirurgias, com ampliação de ETAR’s, com repavimentação de estradas e arruamentos. Programas e investimentos que Santa Cruz nunca teve no tempo desta gente que agora vem reclamar que tudo isto deveria ter sido feito mais cedo e que tudo isto deveria ser ainda mais e melhor.
A esta gente não falta lata. A esta gente sobra falta de vergonha na cara. É que defender que se faça tudo em sete anos, com uma dívida para gerir, quando durante mais de três décadas não fizeram o que agora se faz, só pode ser má fé, baixa política, e desrespeito pela memória deste povo a quem queriam fazer pagar, em 2013, os erros que cometeram e a dívida que deixaram. Recordo que se não fosse o JPP ter recorrido a tribunal, os santacruzenses estavam hoje a pagar o IMI à taxa máxima, e estariam a mãos com um aumento de todos os impostos e taxas municipais. Era este o programa dessa gente do PSD que agora vai para os jornais e para as redes sociais como se tivessem deixado neste concelho uma herança de ouro. Não deixaram, meus senhores e, por isso mesmo, não queiram agora nos comer por tontos. Há muito que todos nós abrimos os olhos e não vamos voltar a fechá-los.