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Médicos de família consideram declarações de Costa extemporâneas e infundadas

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Os médicos de família lamentaram hoje publicamente as declarações do primeiro-ministro numa conversa privada nas quais chama "cobardes" aos médicos envolvidos no caso do surto do lar de Reguengos, considerando-as "extemporâneas, infundadas e altamente lesivas da dignidade dos médicos de família".

"A Direção Nacional da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) lamenta publicamente as recentes declarações do Senhor Primeiro-ministro, relacionadas com a conduta dos médicos integrados nos quadros da Administração Regional de Saúde do Alentejo e que cuidaram de doentes com COVID-19 internados no Lar de Reguengos de Monsaraz. Em simultâneo, mostra total apoio aos colegas diretamente envolvidos na gestão deste difícil contexto de prestação de cuidados de saúde", lê-se num comunicado da associação, hoje divulgado.

Em causa está um pequeno vídeo, de sete segundos, que circula nas redes sociais, que mostra o primeiro-ministro, António Costa, numa conversa privada com jornalistas do Expresso alegadamente chamando "cobardes" a médicos envolvidos no caso do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz.

"A APMGF considera extemporâneas, infundadas e altamente lesivas para a dignidade dos médicos de família as declarações do Senhor Primeiro-ministro. Consideramos fundamental a união de todos os interlocutores no sector da saúde, na defesa da melhoria da prestação dos cuidados à população", defendem os médicos de família.

A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar acrescenta que estes clínicos "são essenciais à prestação de cuidados de saúde e indispensáveis na resposta organizada à situação especialmente preocupante" que o país vive.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, assegurou também hoje que não houve "nenhuma recusa" por parte dos médicos de família do centro de saúde para tratar os doentes com covid-19 em Reguengos de Monsaraz.

O Expresso já repudiou, numa nota da Direção, a divulgação desse vídeo. "Os sete segundos do vídeo ilegal descontextualizam quer a entrevista, quer a conversa que o primeiro-ministro teve com o Expresso", refere a nota, acrescentando que o jornal "desencadeará, de imediato, os procedimentos internos e externos para apurar o que aconteceu e os responsáveis pelo sucedido".

Apesar de ser uma conversa privada, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal criticaram as declarações do primeiro-ministro.

Esta polémica já levou a Ordem dos Médicos a pedir uma audiência urgente com o primeiro-ministro, a qual se vai realizar na terça-feira de manhã.

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