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Tomada de decisão

Infelizmente, ao fim de não sei quantas “reformas do ensino” continuamos a fazer “mais do mesmo” ou “ligeiramente diferente”, no que ao sistema de ensino diz respeito

Na minha vida de consultor aprendi que as pessoas (e as instituições) tomam, muitas vezes, decisões com base nas informações que lhes são mais fáceis de processar.

Frequentemente, ignoram informações que são muito mais importantes (apesar de, no caso da consultoria, pagarem por elas) porque a sua qualidade (delas, informações), aritimeticamente falando, é inferior.

Logo, a decisão resultante tende a ser menos correcta, em termos cognitivos.

Julgo que a razão de isso acontecer é a generalidade das pessoas desconhecer os, ou ter conhecimentos muito rudimentares dos, conceitos e princípios gerais da Teoria da Decisão e de Análise Multi-Critério (com ênfase na estruturação de alternativas) e dos critérios de decisão, e nas questões de análise de sensibilidade, o que não lhes permite obter soluções para modelos construídos com alguma complexidade, nem usar, com proficiência, instrumentos para a gestão de projectos, ou participar na concepção de sistemas de apoio à decisão.

Acredito que, se o nosso ensino estivesse estruturado para ensinar a aprender e criar consciência analítica e crítica, a utilização de tais ferramentas tornar-se-ia numa atitude rotineira e de fácil e frequente utilização.

Organização e processo de decisão, níveis de decisão, complexidade e paradigmas de análises, seriam fundamentais para que a generalidade das pessoas, na sua vida pessoal e profissional pudesse sentir-se apoiada quando (e a frequência é imensa, quer no dia-a-dia, quer nos negócios, na família, ou em qualquer actividade em que é necessário decidir em circunstâncias multifactoriais) tivesse de assumir uma decisão.

Factores como incerteza e risco seriam aprendidos e testados em ambiente controlado e aprenderiam a raciocinar no modo de “árvores de decisão” e a ter sempre presente a pergunta chave: “E se?...”, obrigando à criação de modelos alternativos e a soluções de recurso. Aprenderiam a ponderar a relação “custo/benefício” não necessariamente apenas no aspecto económico ou financeiro.

Infelizmente, ao fim de não sei quantas “reformas do ensino” (em algumas das quais eu próprio participei, sectorialmente, sem grandes consequências…) continuamos a fazer “mais do mesmo” ou “ligeiramente diferente”, no que ao sistema de ensino diz respeito.

Tendo em conta que “as mesmas causas produzem os mesmos efeitos”, não é difícil tirar conclusões…

Consequentemente, as empresas obviamente constituídas por pessoas que cresceram em idênticos ambientes académicos, tendem a limitar a sua gestão do risco quase só ao domínio financeiro porque é onde têm maior quantidade de informação facilmente obtenível e inteligível.

Descuram os riscos operacionais onde, regra geral, os dados disponíveis são mais escassos (ou não são públicos) e é necessário um maior esforço e dispêndio para coligi-los e tratá-los.

Criam-se, deste modo, teorias e tomam-se decisões estratégicas e operacionais com base... no que é mais fácil de obter ou numa postura intuitiva que, muitas vezes, resulta mal.

Toda a gente possui uma “base de dados” de conclusões e atitudes fixas (embora até possam conhecer provas sólidas que as refutem...) que utiliza para a tomada de decisão, o mais rapidamente que lhe é possível, tentando evitar a dúvida e a incerteza que a antecedem sempre e que são penosas. Quaisquer outras informações que perturbem o quadro tendem a ser rejeitadas.

Por isso, em grande parte das situações de insucesso, nem é preciso procurar “cisnes negros” (acontecimentos inesperados impossíveis de prever) para justificar o insucesso... basta um pequeno esforço de auto-análise e de autocrítica.

O que é verdade para as empresas e instituições é, por maioria de razão, válido para as vidas privadas de todos nós.

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