Venezuela como base militar iraniana? Oposição teme que seja esse o caminho
A oposição venezuelana questionou a cooperação bilateral entre os Governos de Teerão e Caracas e advertiu que a Venezuela poderá vir a ser uma base militar do Irão e "um risco para toda a região" latino-americana. "O que as Forças Armadas devem entender é que o prolongamento da longa relação entre o Irão e a Venezuela poderá terminar na transformação da nossa pátria numa base militar iraniana", disse o "comissário" contra o Terrorismo e o Crime Organizado, nomeado pelo líder opositor Juan Guaidó.
Carlos Paparoni falava numa conferência de imprensa através da plataforma Zoom, durante a qual se referiu à denúncia feita quinta-feira pelo Presidente da Colômbia Iván Duque, de que a Venezuela teria chegado a um acordo com o Irão para comprar mísseis de médio e longo alcance, o que Caracas diz ser "uma infâmia" do vizinho governante. "Sabemos que o Irão constrói sete modelos de mísseis distintos. Quando entendemos a capacidade de construção que tem o Irão sobre este tipo de armamento, e vemos a operação logística que tem existido entre o Irão e a Venezuela, esse tipo de aliança preocupa mais", disse.
Carlos Paraponi frisou ainda que "a relação entre o regime de Maduro e o Governo iraniano põe em risco a segurança de todo o continente americano, porque facilita uma ponte aérea entre ambas as nações para realizar operações estratégicas, permitindo evadir sanções internacionais e desafiando a segurança da região". "O que mais preocupa (a oposição) é que (Nicolás) Maduro financia e apoia todos os grupos terroristas, no âmbito das suas relações bilaterais", frisou.
Por outro lado, explicou que a oposição suspeita que a recente abertura do hipermercado iraniano Megasi tenha como propósito "cobrir ou desenvolver outro tipo de exercício, a justificação para a chegada de barcos cargueiros". "(Nicolás) Maduro não é apenas uma ameaça para os venezuelanos, é um risco para toda a região. Quando vemos as relações que tem com o Irã, o Exército de Libertação Nacional (ELN, da Colômbia) e o Hezbollah, converte-se em uma ameaça para toda a região", disse.
Segundo a oposição venezuelana, a cooperação entre o Irão e a Venezuela ascende a 40 mil milhões de dólares (aproximadamente 34 mil milhões de euros), mais que o assinado com países da região. "Nos últimos meses, a Venezuela entregou, apenas para combustível, nove toneladas de ouro. Isso representa uns 500 milhões de dólares (424,5 milhões de euros). Falamos de um sobre-preço de mais de 250%", explicou.
O Presidente da Colômbia, Iván Duque, denunciou quinta-feira à televisão estatal colombiana que o Irão e a Venezuela estavam a reforçar a sua cooperação militar. "Há informações de 'organismos de inteligência' (serviços de informação) internacionais que mostram que há interesse da ditadura de (Nicolás) Maduro em adquirir mísseis de médio e longo alcance através do Irão. A informação é que ainda não chegaram (os mísseis)", disse.
Por outro lado, explicou que segundo os serviços de informação colombianos "oficiais da Guarda Nacional (polícia militar) venezuelana estão triangulando armas de países como a Rússia ou a Bielorrússia para estruturas criminosas colombianas, além da fronteira".
O ministro venezuelano da Defesa, Vladimir Padrino López reagiu à denúncia e acusou, através do Twitter, Iván Duque de tentar a "desviar de novo a atenção para a Venezuela, lançando como isca a estratégia do 'falso positivo' (coisa que parece o que não é), aproveitando-se da situação geopolítica". Por outro lado, o ministro venezuelano de Relações Exteriores, Jorge Arreaza, acusou, na mesma rede social, Iván Duque de "voltar às infâmias e à ficção antivenezuelana para distrair a opinião pública".