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Antigo conselheiro da Casa Branca Steve Bannon detido por desvio de fundos

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EPA/JIM LO SCALZO

O antigo conselheiro da Casa Branca Steve Bannon foi hoje detido sob a acusação de, em colaboração com três outras pessoas, desviar dinheiro de doadores num esquema de arrecadação de fundos para a campanha "Nós construímos o muro".

Segundo a acusação, citada pela agência noticiosa Associated Press (AP), o montante desviado da campanha está avaliado em "centenas de milhares de dólares".

Os procuradores federais alegam que Bannon e três outras pessoas "orquestraram um esquema para defraudar centenas de milhares de doadores" em ligação com a campanha de 'crowdfunding' que juntou mais de 25 milhões de dólares (20,99 milhões de euros) para construir um muro ao longo da fronteira sul dos Estados Unidos com o México.

A AP adianta que, apesar de várias tentativas, o telefone do advogado de Bannon não foi atendido ao longo da manhã de hoje.

Uma porta-voz de Bannon também não respondeu a um pedido para comentar a detenção de Bannon.

Segundo a acusação, o antigo conselheiro do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu que 100% do dinheiro obtido seria utilizado no projeto, mas os réus acabaram por usar coletivamente centenas de milhares de dólares "de uma maneira inconsistente com as representações públicas da organização".

A acusação avança também que os quatro réus falsificaram faturas e elaboraram "arranjos com fornecedores", entre outras formas, para desviar o dinheiro, com Bannon a utilizá-lo para "pagar despesas pessoais".

Num comunicado, Audrey Strauss, procuradora em funções do Distrito sul de Nova Iorque, a campanha também permitiu desviar dinheiro para Brian Kolfage, um veterano da guerra no Iraque, que foi quem criou a iniciativa para a construção do muro, apesar de ter garantido aos doadores que não receberia sequer um cêntimo.

"Este caso serve de aviso para outros que defraudam o Estado de que nada está acima da lei, nem sequer um veterano de guerra incapacitado ou um estratega político milionário", assinalou, também no comunicado, Philip R. Bartlett, inspetor encarregado do caso.

Além de Bannon, foram também detidos o próprio Kolfage e outros dois acusados -- Andrew Badolato e Timothy Shea -- pelo papel desempenhado na suposta fraude.

Bannon comparecerá ainda hoje num tribunal de Nova Iorque, enquanto Kolfage e Bodolato o farão na Florida e Shea no Colorado.

Antes de ser escolhido para liderar a campanha presidencial de Trump, nos últimos meses críticos em 2016, Bannon liderou o portal de notícias conservador Breitbart News.

O Breitbart News Network é um portal de notícias, opiniões e comentários de extrema-direita dos Estados Unidos, fundado em 2007 por Andrew Breitbart, que, durante a campanha eleitoral de 2016, publicou uma série de notícias falsas e teorias de conspiração, bem como histórias intencionalmente enganosas que envolveram sobretudo a candidata democrata Hillary Clinton.

Após a eleição de Trump, Steve Bannon transitou para um alto e estratégico cargo de conselheiro na Casa Branca.

Segundo a AP, o "combativo e contundente" Bannon foi a voz de um conservadorismo nacionalista e "outsider", tendo pressionado Trump a cumprir algumas de suas promessas de campanha mais controversas, incluindo a proibição de viagens a alguns cidadãos estrangeiros e a decisão de abandonar o acordo de mudança climática de Paris.

Mas Bannon, prossegue a AP, também entrou em confronto com outros conselheiros importantes, e, às vezes, a sua determinação irritava Trump, que o viria a afastar do cargo em agosto de 2017.

Bannon, que serviu na Marinha e trabalhou como banqueiro de investimentos na Goldman Sachs antes de se tornar um produtor de Hollywood, está atualmente a apresentar um podcast pró-Trump, intitulado "War Room", que começou durante o processo de "impeachment" do Presidente norte-americano (em dezembro de 2019) e que continuou durante a pandemia.

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