Madeirense que procura filha há 42 anos enviou carta a Marcelo
SIC voltou a recordar o caso de Gorete Sousa, que nunca mais viu a sua filha. Desaparecimento está envolto num grande mistério que continua por resolver
A história não é recente e foi tornada pública ainda antes da viragem para o novo milénio. Adriana Silva nasceu a 15 de Janeiro de 1977 e tinha pouco mais de três meses de vida quando foi transferida do Hospital dos Marmeleiros, no Funchal, para o Hospital Santa Marta, em Lisboa. Em causa estava um alegado problema no coração, que carecia de operação, e a menina viajou para a capital na companhia de uma enfermeira que trabalhava na referida unidade hospitalar madeirense.
Na altura, os pais só a poderiam acompanhar se pagassem todas as despesas de alojamento e estadia. O parco rendimento familiar impediu Gorete Sousa e o marido de se deslocarem com a filha e esta impossibilidade, segundo o 'Linha Aberta', viria a revelar-se anos mais tarde "uma mentira, talvez a primeira de todo este caso".
Depois da chegada a Lisboa, numa primeira fase, os pais foram recebendo informações telefónicas sobre o estado de Adriana “através de uma suposta assistente social”, até que em Agosto de 1977 receberam uma carta escrita por uma mulher dando conta que o estado de saúde de Adriana era débil e que a bebé seria operada dali por escassos dias.
O documento, assinado por Maria Lídia, enviava algumas fotografias, incluindo uma onde a própria aparece segurando Adriana nos braços. Depois, chega uma segunda carta anunciando que a bebé não havia resistido à operação e que seria sepultada, com um grupo de enfermeiros a acompanhar o funeral.
Durante 20 anos – até 1998 - os pais pensaram que a filha tinha morrido até descobrirem que não havia certidão de óbito. Foi esta a verdade que a mãe aceitou. Na altura, Maria Gorete teve de ir à Conservatória do Registo Civil de Câmara de Lobos pedir um documento para o filho e foi aí que soube não haver nenhum óbito registado em nome de Adriana Silva.
Entretanto, Gorete e o marido pediram ajuda ao programa ‘Casos de Polícia’, então emitido pela SIC na década de 90, estação que voltou a aprofundar o tema 10 anos depois, nos 'Perdidos e Achados'. Ontem - e já depois de uma primeira abordagem em Março de 2019 - o ‘Linha Aberta’, programa conduzido por Hernâni Carvalho, voltou a recordar o caso.
Ficou-se então a saber que Gorete Silva, a mãe da bebé desaparecida, enviou uma carta a Marcelo Rebelo de Sousa no sentido de procurar ajuda em encontrar a filha, mas o presidente da República, segundo o jornalista, ainda não respondeu.
A SIC enumerou por isso, ao longo destes 20 anos de investigação, várias anotações rasuradas, apelidos trocados e a ausência de Adriana em todos os cemitérios de Lisboa.
“Porque não foi o Hospital de Santa Marta a informar oficialmente os pais da bebé sobre o óbito? Porque se recusa a falar a enfermeira Maria Lídia Lopes Alves Dias, a mesma que escreveu por duas vezes aos pais de Adriana? Muitas dúvidas, nenhuma resposta num mistério com mais de 40 anos”.
Madeirense pediu ajuda a Marcelo Rebelo de Sousa
Gorete Sousa já enviou uma carta ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a pedir ajuda. A madeirense recebeu depois uma resposta onde se podia ler que o assunto estava a ser tratado, no entanto ninguém soube nada mais depois disso. Já em Novembro último, a mãe de Adriana voltou a escrever a Marcelo, desta feita sem obter resposta, indicou Hernâni Carvalho.
O que eu penso? Que fui enganada. Eu acho que fui enganada por aquela enfermeira que me disse que ela tinha de vir para o Continente. Penso que foi por ela (…) Uma pessoa fica ansiosa, a pensar se estará viva ou morta. Eu só queria saber uma verdade, só isso. Eu penso que ela está viva. Gorete Sousa em declarações ao programa 'Linha Aberta' da SIC