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Correios dos EUA suspendem reformas criticadas por entravarem voto por correspondência

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O presidente do Serviço Postal dos Estados Unidos, Louis DeJoy, anunciou hoje a decisão de adiar para depois das presidenciais norte-americanas de 3 de Novembro as reformas criticadas por criarem entraves ao voto por correspondência.

"Suspendi as iniciativas até ao fim das eleições para evitar sequer a aparência de qualquer impacto no correio relacionado com as eleições", indicou DeJoy, considerado próximo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que o nomeou, e à frente dos correios norte-americanos desde junho.

As reformas, supostamente para corrigir a trajetória financeira deste serviço público, têm o efeito de atrasar o correio, pondo em causa, demorando ou impossibilitando, o processamento de milhões de votos enviados desta forma.

A oposição democrata já comentou que vê a mão do republicano Trump no caso, com o intuito de impedir o voto por correspondência, que o presidente cessante norte-americano defende que irá beneficiar o seu adversário eleitoral, Joe Biden.

A decisão surge um dia depois de várias personalidades, incluindo candidatos à administração pública, processarem Trump, o Serviço Postal dos Estados Unidos e o novo diretor dos correios, para assegurar financiamento adequado para as operações dos correios.

O processo foi entregue no tribunal federal de Manhattan, Nova Iorque, em resposta aos comentários feitos pelo chefe de Estado norte-americano e às decisões implementadas pelo novo diretor dos correios dos Estados Unidos, para alterar as operações dos postos de correios a nível nacional.

Trump tem manifestado a sua oposição ao voto por correio, que considera só se justificar quando os eleitores não estão no seu estado de residência no dia das eleições, e defendido que o processo abre caminho a fraudes.

Numa entrevista publicada na quinta-feira, Donald Trump admitiu que tem bloqueado novos fundos pedidos pelos serviços postais para evitar uma votação por correio universal nas presidenciais de novembro.

O novo diretor dos serviços postais procedeu a numerosas alterações ao funcionamento dos serviços, com queixas de atrasos, cortes e subida de preços.

O processo que deu agora entrada alega que Trump e DeJoy estão a tentar assegurar que o serviço postal não consegue entregar com fiabilidade os votos por correspondência, uma das modalidades de voto que os eleitores norte-americanos.

Por isso, a administração norte-americana está a ser processada de modo a que a Justiça delibere no sentido de financiar corretamente o Serviço Postal dos Estados Unidos.

Entre as pessoas que processaram Trump, os correios e DeJoy estão a procuradora e também nomeada dos Democratas para a Casa dos Representantes no 17.º Distrito de Nova Iorque Mondaire Jones.

Também a senadora estatal democrata de Nova Iorque Alessandra Biaggi e os candidatos democratas para a assembleia estatal de Nova Iorque Chris Burdick e Stephanie Keegan decidiram processar a administração.

Esta questão assume especial relevância a poucos meses das presidenciais de novembro, em que milhões de norte-americanos deverão optar pelo voto por correio para evitar os riscos associados à pandemia de covid-19 que a deslocação às assembleias de voto pode implicar.

"Em tempo de pandemia, os serviços postais são a central eleitoral. Os norte-americanos não têm de escolher entre a sua saúde e o direito de voto", afirmou a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, numa carta aos congressistas do Partido Democrata.

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