Jovem activista chinesa alerta para emergência climática
A jovem ativista chinesa Howey Ou, cujas ações de sensibilização lhe custaram a expulsão da escola e que tem como modelo a sueca defensora do ambiente Greta Thunberg, alertou hoje para a necessidade de a humanidade despertar para a emergência climática.
"A emergência climática é a ameaça mais séria à sobrevivência da humanidade", disse Howey Ou em declarações à agência de notícias francesa AFP, indicando que o mundo está num barco a afundar, mas que as pessoas continuam "a comer e a beber alegremente, como se nada tivesse acontecido."
A ativista chinesa tem milhares de seguidores nas redes sociais, mas para cumprir a sua "missão", enfrenta a hostilidade do regime.
"Não tenho medo da polícia", garante.
No entanto, os seus pais estão também a sofrer e a exercer pressão.
"Depois de ter sido interrogada pela polícia, os meus pais tentaram-me prender por todos os meios: trancaram-me em casa, obrigaram-me a recusar entrevistas e revistaram os meus aparelhos eletrónicos", contou.
Na tentativa de convencer os jovens a segui-la, Howey estudou os métodos de não violência de Mahatma Gandhi. Mas, na maioria das vezes, os transeuntes olham com indiferença para os slogans que ela mesma pintou e expõe sozinha nas ruas de Guilin, cidade do sul da China.
Tendo como inspiração os modelos de Gandhi e de Greta Thunberg, a jovem sueca que em 2019 falou nas Nações Unidas, a chinesa procura sensibilizar os seus compatriotas para os riscos das alterações climáticas.
O seu ativismo já levou a que fosse expulsa do colégio, o que pode impedi-la de passar no bacharelado, fundamental na China para uma carreira. Mas Howey diz não se importar.
Enquanto a maioria de seus colegas estão a gozar as férias de verão ou a preparar-se para entrar na faculdade, Howey Ou distribui folhetos e planta árvores, enquanto resiste à pressão da polícia e da sua família.
Quando em 2019 milhares de adolescentes marcharam nos quatro cantos do planeta para exigir uma ação contra o aquecimento global, Howey Ou teve que se contentar em protestar sozinha na cidade turística de Guilin.
Os seus pais manifestam preocupação com a sua segurança e também com a sua carreira, enquanto os colegas se preparam para entrar na universidade.
"Ela ainda tem a mentalidade de uma criança", disse o pai. "Tudo para ela é preto ou branco, não há espaço para compromissos."
"Não vejo saída se ela continuar neste caminho. Eu avisei-a para nunca se opor ao Governo e ao Partido Comunista Chinês", disse.
Mas a adolescente garante que nada tem contra o partido no poder e, pelo contrário, defende "a fama da China" na defesa do meio ambiente.
"Em 20 ou 30 anos, se olharmos para trás e percebermos que a China não fez nada, não poderei aceitar", explica.
"O meu orgulho nacional é querer também assumir essa responsabilidade", frisou.
Esta profissão de fé patriótica não passa nas redes sociais, onde milhões de internautas a criticaram em 2019 por ter concedido uma entrevista a um órgão de comunicação alemão, classificando-a de "ativista de salão" que busca atenção.
Mas a jovem ativista chinesa ecologista não se resigna.
"Apesar de todas as armadilhas que estou encontrando no momento, o preço a pagar continua baixo em relação à crise climática", observa.
"Entre os dois, eu corajosamente escolho continuar a campanha para evitar um desastre muito mais sério", frisou.