Reino Unido não aceita resultados das eleições na Bielorrússia
O Reino Unido "não aceita os resultados" das eleições presidenciais de 09 de agosto na Bielorrússia e quer "sancionar os responsáveis" pela repressão às manifestações contra o Presidente, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico.
"O Reino Unido não aceita os resultados. Precisamos urgentemente de uma investigação independente pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) sobre as falhas que tornaram as eleições injustas e sobre a repressão atroz que se seguiu", afirmou Dominic Raab, em comunicado hoje divulgado.
"O Reino Unido vai trabalhar com os seus parceiros internacionais para punir os responsáveis e responsabilizar as autoridades bielorrussas", acrescentou.
Desde há uma semana que a Bielorrússia é palco de uma onda de protestos contra a reeleição do Presidente, Alexander Lukashenko, que muitos, incluindo a União Europeia, consideram fraudulenta.
No poder há 26 anos, Lukashenko obteve, segundo a Comissão Eleitoral Central do país, mais de 80% dos votos no dia 09 de agosto, obtendo o seu sexto mandato.
Desde então, mais de 6.700 pessoas foram presas durante ações de protesto e centenas dos já libertados relataram cenas de tortura sofridas na prisão.
Em resposta ao agravamento da crise, a UE acordou na sexta-feira impor sanções contra as autoridades bielorrussas ligadas à repressão e à fraude eleitoral.
No domingo, realizou-se um dos maiores comícios da oposição na história da Bielorrússia, com várias dezenas de milhares de pessoas em Minsk para exigir a saída do chefe de Estado, mas o Presidente já rejeitou a possibilidade de realizar novas eleições presidenciais.
No comunicado hoje divulgado, Londres também condenou "a violência usada pelas autoridades bielorrussas para reprimir as manifestações pacíficas que se seguiram à eleição presidencial fraudulenta".
Já na segunda-feira passada, o Governo britânico tinha denunciado "graves irregularidades" na votação e pedido às autoridades bielorrussas que "se abstivessem de novos atos de violência".
A candidata da oposição à presidência, Svetlana Tikhanovskaya, que está refugiada na Lituânia, disse hoje que estava pronta para liderar o país, referindo que não "queria ser política", mas que "o destino decretou que estaria na linha da frente diante da arbitrariedade e da injustiça".
Tikhanovskaïa referiu-se à votação como uma fraude, depois de a Comissão Eleitoral lhe ter atribuído 10% dos votos.