Presidente libanês diz que investigação "precisa de tempo"
A investigação à explosão ocorrida no porto de Beirute e que assolou a capital libanesa, em 04 de agosto, "precisa de tempo", afirmou hoje o Presidente do país, Michel Aoun.
"Não há um atraso na investigação, mas precisamos de tempo para conhecer a verdade, porque ela é complexa", afirmou o presidente libanês em declarações à BFMTV, citado pela agência AFP.
Depois da explosão de 04 de agosto, que causou 177 mortos e mais de 6.500 feridos, devastando grande parte da capital libanesa, as autoridades diligenciaram uma investigação, no âmbito da qual já foram detidas mais de 20 pessoas, entre funcionários do porto e da alfândega, e deverão ser interrogados membros do Governo na próxima semana, informa a AFP.
Membros do FBI (polícia federal norte-americana) devem chegar a Beirute ainda este fim de semana, a convite das autoridades libanesas, para conduzir uma investigação.
No local estão, também, meios de investigação e equipas policiais e de busca franceses.
A propósito dos trabalhos, o número três da diplomacia norte-americana, David Hale, afirmou hoje, numa visita ao porto de Beirute, que é preciso "garantir que uma investigação transparente, abrangente e confiável seja realizada".
Citado pela AFP, acrescentou que não é possível "voltar a uma época em que qualquer coisa pode entrar no porto ou passar pelas fronteiras do Líbano".
No dia 04 de agosto, um incêndio provocou uma forte explosão num armazém do porto onde, segundo as autoridades, tinham ficado armazenadas por seis anos 2.750 toneladas de nitrato de amónio, "sem medidas cautelares", segundo admite o próprio primeiro-ministro demissionário, Hassan Diab.
Michel Aoun não descartou nenhuma hipótese, incluindo "ação exterior, com um míssil ou uma bomba".
O chefe de Estado chegou mesmo a pedir ao seu homólogo francês, Emmanuel Mácron, "imagens aéreas", para avaliar "se havia aviões no espaço aéreo, ou mísseis" na altura da explosão, refere a agência francesa.
"Se essas imagens não estão disponíveis entre os franceses, pedi-las-emos a outros países", prosseguiu o Presidente libanês.
A tragédia devastou bairros inteiros de Beirute.
Segundo a AFP, toda a República estava ciente da presença de tamanha quantidade de produtos químicos e dos seus perigos no meio da capital, de acordo com alguns funcionários e fontes de segurança.
Foram lançados pedidos de investigação internacional no Líbano e no exterior, mas foram rejeitados pelos líderes libaneses, acusados por muitos de serem responsáveis pela tragédia devido a corrupção ou negligência.
Cerca de 300.000 pessoas ficaram desalojadas, havendo ainda, segundo os mais recentes dados oficiais, cerca de duas dezenas de desaparecidos.
As explosões vieram também alimentar a revolta de uma população já mobilizada desde o outono de 2019 contra os líderes libaneses, acusados de corrupção e ineficácia.