Documentário

O documentário da Netflix “Jeffrey Edward Epstein Podre de Rico” mostra claramente o envolvimento do financeiro americano J. E. Epstein com políticos, empresários, multimilionários, procuradores, membros da realeza e muitos outros. Foram anos de ligações comprometedoras e perigosas, que muitos tudo fizeram para não chegar ao conhecimento público e negaram as evidências…

Mostra sem rodeios que J. Epstein, para prosseguir a sua actividade criminosa impunemente, não actuava sozinho e, durante anos, criou uma teia de interesses e cumplicidades que lhe serviam de bóia de salvação. Apesar das suas acções geralmente suspeitas, escapou quase sempre à justiça e, quando foi “apanhado”, até negociou a sua primeira prisão…

Trump há poucos dias desejou boa sorte à principal cúmplice de J. E. Epstein, Ghislaine Maxwell, ex-namorada e amiga do magnata e predador sexual e está agora acusada de ter tido um papel essencial na angariação de menores que eram vítimas de abuso por Epstein e outros homens que pertenciam à rede de tráfico sexual.

Este gesto de Trump não espanta, pois sabe-se que era amigo de Epstein e participava em festas organizadas pelo predador. Por isso, ninguém se admirou por Trump, em 2019, defender o seu ex-secretário de Estado, Alex Acosta, quando este pediu a demissão por causa da segunda prisão de Epstein. Trump veio a público afirmar sobre o pedido de demissão de Acosta: “Eu disse-lhe: ‘não tens de fazer isto”.

Quem é Alex Costa?

Em 2008, foi procurador federal no Estado da Florida que supervisionou o acordo que permitiu J. E. Epstein cumprir 13 meses de “prisão”, evitando, assim, a prisão perpétua. Uma vez mais, as ligações comprometedoras e perigosas deram frutos.

Até Bill Clinton veio negar a ligação ao magnata, mesmo existindo fotografias tiradas nas festas com o predador. O mesmo se passa com o filho da Rainha Isabel, mas este está acusado de ter tido relações sexuais com menores.

A luta contra J. E. Epstein e os seus acólitos revela evidentemente que o caminho para devolver dignidade às vítimas e alterar a percepção de que os poderosos safam-se sempre, é o combate feroz e um grande empenho daqueles que pugnam pela verdade dos factos. Só assim será feita justiça e quem pratica infracções à lei, independente do nome e da posição social, sabe que será julgado e condenado, caso a sua acção criminosa seja provada.

Para apanhar o predador e os seus amigos, valeu o esforço copioso de algumas vítimas, jornalistas e procuradores, que reagiram, apesar das condições adversas, contra tudo e todos em nome da defesa dos direitos das vítimas protegidos pela lei.

No entanto, muita gente ficou mal no retrato, desde políticos, advogados, procuradores e até alguma comunicação social.

No entanto, por vergonha ou para não entalar os cúmplices, Epstein suicidou-se na prisão e a sua amiga Ghislaine finalmente vai prestar contas à justiça.

Em Portugal como estamos de justiça?

Anda a passo de caracol, dá muitas voltas e faz ziguezagues, o chamado crime do colarinho branco continua a proliferar, as penas aplicadas aos predadores sexuais e aos agressores de violência doméstica são díspares.

Vamos acreditar que alguma coisa está a mudar?

Carlos Oliveira

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